sábado, 3 de abril de 2021

confusa lágrima...



sobeja apenas este remar sem parança,
esta confusa lágrima
feita de água negra e dura
de saudade e ternura
dum tempo que passou
e deixou ferida aberta
que inda agora o peito aperta.
tudo ficou para trás
como um sonho que ocupa a distância
e agora apenas a luz entre a luz do caminho
dessa infância...
a afastar-se e a levar-me ao esquecimento.

hoje convertida noutro ser
ainda me pergunto e lamento
como me posso proteger
de atiçados ventos?!
e uma resignação sem medida
me atira para os braços da solidão.
disposta ao silêncio fica a vida.
só o coração é refúgio
onde ainda há amor
que afoga a tristeza
e cala a dor.

natália nuno
rosafogo



minhas penas...



minhas penas
minha alma as sente
contente ou descontente
sobeja apenas este remar sem parança
esta confusa lágrima
feita de água negra e dura
de saudade e ternura
dum tempo que passou
e deixou ferida aberta
que inda agora o peito alerta.
tudo ficou para trás
como um sonho que ocupa a distância
e agora apenas a luz entre a luz do caminho
dessa infância...
a afastar-se e a levar-me ao esquecimento.

hoje convertida noutro ser
ainda me pergunto e lamento
como me posso proteger
de atiçados ventos?!
e uma resignação sem medida
me atira para os braços da solidão.
disposta ao silêncio fica a vida.
só o coração é refúgio
onde ainda há amor
que afoga a tristeza
e cala a dor.

natália nuno
rosafogo

sexta-feira, 2 de abril de 2021

a solidão chegou...



a solidão chegou à estação, procurou um lugar, sentou-se à minha beira, assustada com o apito do comboio em marcha, refugiou-se no meu peito, aí se acomodou mais as malas que trazia consigo, ficámos as duas caladas, mas logo ela insistiu que me conhecia e até a hora da partida partilharia comigo o tempo... agora que já a conheço bem, andamos de mãos dadas, nesta estação cada vez mais esbatida que é a vida, deixamos tudo para trás e partimos sem destino, levamos a saudade de épocas felizes e seguimos viagem resignadas com este tempo triste, dizemos uma à outra: é um privilégio termos chegado à estação sem grandes desilusões, sem ter perdido a voz e ainda com um pouco de audácia neste destino misterioso que é a vida... assim vou desenhando sonhos sem deixar afrouxar o pensamento.

natalia nuno


quebraram-se as nuvens...pensamento



quebraram-se as nuvens,
o chão ficou molhado de giestas
imóveis os pássaros no vidro quebrado
dos meus olhos, permanecem ainda na memoria d'outras 
primaveras...

natalia nuno

abre-se a manhã...pensamento



abre-se a manhã com um arrolar de rôlas, 
na noite deixei as estrelas e a saudade que crepitava
no coração, deixei.me de desvarios
já não me sei!
perdi o tempo de saber de mim...

natalia nuno


doce recordação...





é este o tempero da vitória
escrever palavras amanteigadas
lembranças açucaradas
retidas na memória...
solto-as como uma revoada de pássaros
por sobre as folhas do milheiral
e o sol que tudo doira
na minha imaginação
é mel, açúcar e sal
tempero do meu coração.

olho o dia de ontem
como doce recordação
mesmo se o destino parece adverso
eu canto a vida num verso
ponho todo o meu afã
e com pezinhos de lã
a palavra trato com fulgor
de esperança adoço os sonhos
basta-me só uma porção d' amor.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest


a vida é tão falaz...



um tímido voo
porque as asas já são estorvo
a PRIMAVERA da vida,
deixou de ter amendoeira em flor,
agora tem apenas nostalgia, onde me 
absorvo...
ergo os olhos ao Céu e agradeço
e com apreço,
olho os horizontes
e recolho-me animada esquecendo o dia,
e aninhando-me como o Sol atrás 
dos montes...
fecho as pálpebras, a vida é tão falaz
mas eu prendo a mim um pouco de felicidade
cedo ao desejo de sonhar
com a pequena alegria de crer-me feliz
e o desejo de me afirmar
que a solidão não me vai parar!

Ignoro a dor! Faço nova rima 
 ao amor...

natalia nuno
rosafogo
2007/10



poema moribundo...



meu poema é feito de vida
do aroma do cravo e da rosa
da água do rio vagarosa
do perfume que me corre no peito
de promessas ao vento
com pedaços do meu alento
e é no poema que me deito

da razão, tempo e vontade
dos bens que trago da idade
do frio onde o medo me acolhe
sombras vagueando pela vida
ou lago fundo onde me olhe!
ou chuva de outono prometida
manchando o sonho, nele caída

meu poema é pedaço de nada
é chama agradecida de amor
embriagada num estranho fervor
em dias inertes inconsolada,
metade luz, metade escuridão
na tensa nostalgia de ser amada
poema moribundo morrendo
pela calada.

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 1 de abril de 2021

estrela perdida...




num tempo emprestado
permaneço nele atada
num céu onde sou tudo
e sou nada!
meu sorriso é uma manhã envergonhada
um vidro fosco, uma janela fechada
no meu rosto já nada é verdadeiro
passado tanto Janeiro
já me deixo entristecer
minha manhã nasce e morre cinzenta
trago saudade de mim
mas nem a saudade já me alenta.
mesmo parecendo não ter fim,
sempre no vazio tropeço
o pensamento fantasma,
já mal me conheço.
sou e não sou!
mas que tenho a perder?
se quase nada restou?!

natalia nuno
rosafogo

GRATIDÃO...




A todos os amigos leitores deste Blog. quero agradecer as visitas que este mês foram quase (6000) seis mil,
um bem haja a todos.......... BOA PÁSCOA! o MEU ABRAÇO 

NATALIA NUNO
(deixo foto a confirmar)

quarta-feira, 31 de março de 2021

pensamentos...

há dias em que cantam cotovias nos meus olhos e
voam soltas sobre as searas do meu coração...
o vôo é a lembrança
o canto é a saudade!




passo os meus dias em suspenso
a memória estagnada
sinto que além do que sou
e do que penso
que a vida parou
trago a alma angustiada
estou entre o ser e o não ser nada!

há silêncios na minha memória
e na mão que entrego à escrita
um relógio sem ponteiros
vai marcando a minha paz.

natália nuno
rosafogo

mar de solidão...




a voz afogada,
mergulhada num mar de solidão
a mente agitada
e o coração 
como se fosse de vidro,
um nó apertando no peito
cortando a respiração
vida sem jeito e sem sentido.

do tempo a ficar refém
com medo de quebrar
como se alguém
quisesse silenciar
memórias...
sozinha do lado do deserto
o rosto inexpressivo sem idade
e agiganta-se a felicidade
ali tão perto!
tantas reminiscências
tanta saudade...
sonhos que não voltarão a nascer
o tudo e o nada a razão de ser
o pulsar da magia que é viver.

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 29 de março de 2021

silêncio profundo...



tratando de esquecer
calei.me num silêncio profundo
e comigo calou-se 
o mundo...
fundo do poço, escuridão,
árvores ciciam ao vento
é tudo quanto ouço
escutando com o coração.
choram as rosas esta manhã
com profundo lamento
impossível a sua luta
com a força do vento!
neste silêncio, gotejam
tormentos no meu peito,
e um zumbido indistinto
dizendo tudo o que sinto,
o jeito de saber-me viva!

recordar e agora minha vida
tudo o resto é absoluto vazio
já de mim esquecida
do mundo me desvio.

natalia nuno
rosafogo
imagem pinterest



espelho meu...



em linhas ordenadas
escrevo este poema com linhas
desirmanadas, acato que o espelho
me engane, seja comigo desleal
diga que o tempo é que é velho
e ele embaciado!... e que eu estou igual!

desisto de apagar seja o que fôr
existirá sempre este amor-ódio
já no espelho não me reconheço
nem nestas palavras desarrumadas,
desirmanadas...
há uma dor que sopra fina
alguma coisa dentro de mim
a quer-me sempre menina
e assim, a não deixar-me morrer.

fico de asas caídas
nada me oferece longevidade
uma vida, tantas vidas
e, eu morrendo de saudade!
na fuga irremediável dos dias,
lá se afogam minhas alegrias.

natalia nuno
rosafogo


domingo, 28 de março de 2021

senta-te a meu lado...



senta-te a meu lado
diminui a distância entre a tristeza
e a felicidade
deixa-me falar-te da saudade
aperta a minha mão apaixonada
acende o fogo doce e fremente
esta minha paixão, esta luz pungente
este mar embravecido no coração
que a vida vai-se pela calada!

senta-te a meu lado
diminui a distância entre a tristeza
e a felicidade
deixa-me falar-te da saudade

tudo parece novo na palavra
meu rosto escreve de novo formosura
o coração sente pulsar o mundo
à minha volta e ao pensamento
o azul do vento, e um sopro
de ternura.
senta-te a meu lado
lembremos horas ditosas
olha-me como se fosse a primeira vez
e depois talvez, 
nasça um puro amanhecer
e eu corra para os teus braços
como se revivesse outra mulher.

senta-te a meu lado
sem ti levanta-se uma eternidade
deixa que meu olhar enamorado
mate do teu saudade.

natalia nuno
rosafogo