sábado, 8 de janeiro de 2011

EVOCO RECORDAÇÕES



EVOCO RECORDAÇÕES

Neste instante,
 no silêncio da noite escura
A lua encobre o oval do meu rosto
O sol-posto ficou distante
Relembro cada pormenor com doçura.
Devaneios que as recordações suscitam
Como dissipar recordação
Se me recordo sempre mais e mais?
Recordo lábios unidos,
coração com coração,
dois seres que se amavam demais.
Lembro do irromper do meu queixume
Do sofrer, do meu ciúme.
Recordações são grãos de poeira
Que eu percorro sem pressa
Já  na memória uma ténue fronteira
O que fica para além já não regressa.

Presa aos laços do desejo
Do passado não quero libertar-me
Quero ainda sentir teu beijo
Quero ainda que venhas amar-me.
Quero teus olhos fixos nos meus
Que os meus sentires sejam os teus
No silêncio desta noite escura.
E que ainda ao olhares meu rosto
Ao sol-posto e distante
Me ames com doçura.
Conta com a minha audácia
nesta noite escura.

Nas linhas da minha mão
Desvendo com desembaraço
Que te entreguei meu coração
A troco do teu abraço.

rosafogo
natália nuno

A SAUDADE NASCEU COMIGO














A SAUDADE NASCEU COMIGO

A data do meu nascimento
Consta duma lista de recém-nascidos
Foi um acontecimento, no entanto
e por enquanto...
Andam os dias perdidos
sombrios e temidos,
A precipitarem-me num abismo
Levando à lista a mudança
E eu cismo!
Para quê tanta mudança, tanta alteração
Se eu não me sinto mudar
Pobre do meu coração
Que embora com rejeição
Tudo tem que aceitar.

Mas ao destino não foge!
Veio ao mundo na hora exacta
Traz a saudade que não é de hoje
Que nasceu com ele na mesma data.

rosafogo
natalia nuno

FRAGÃNCIAS














FRAGÂNCIAS

Trago o teu perfume enraizado em mim
Tão forte que o tempo não dissipou
És o lugar onde eu fui papoila, flor
Onde a vida se me desvelou
Assim como o primeiro amor.

Moça arisca de ardor juvenil
Gravada agora na minha memória
Sonhos, emoções mais de mil
Cheiro do meu cheiro
Terra da minha história.

Nasci em ti a mandato do destino
Despontei como o sol no horizonte
Ouço bem presente o eco do teu sino
Apesar da lonjura aqui defronte.
Não te esqueço e acalento a esperança
Terra minha eu te quero com ardor
Acompanhaste-me passo a passo em criança
Hoje retomo o fio da lembrança com amor.

rosafogo
natalia nuno

Á minha terra...

DESTINO














DESTINO

Este tempo não dá tréguas,
nem descanso!
Sucedem-se noites e dias
Pouca é a subtância, já me canso
Revivo o passado em imaginação
as alegrias,
Sem esperança de vê-lo regressar
A amargura no coração
Exausta a ponto de parar.

Onde anda o céu cristalino?
A vida parece tempestade,
no encalço do destino.
Foi-se o sol a meio da manhã
Fez-se silêncio a meio da tarde.

Há quanto tempo caminho?
Avanço para o desconhecido
Ignoro onde me levam os passos,
nem adivinho...
Para trás sonhos e laços.
Por fim, o destino cumprido.

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

DESCALÇA PELA VERDURA

















DESCALÇA PELA VERDURA


É difusa a luz do meu dia
Suave é hoje meu viver
De amor talvez...de alegria
Ou o prenuncio dum doce morrer.
Contemplo  a lua no céu
A noite que se aproxima
Me afaga o rosto e eu?
Revelo-lhe o amor que me anima.

Me despedi da tarde
Terei outras que o futuro me der
Desta já tenho saudade!
É assim este meu coração de mulher.

Há dias que ando triste, sem sentir,
nem presente nem passado.
Mas trago na alma o pressentir
Dum tempo mais sossegado.
A vida é tão inconstante
Nos confunde sem ter dó
É mar sereno e num instante?!
Nos põe na garganta um nó.

Mas hoje deixo minhas penas
Que é suave o meu viver
Na estrada que trilho apenas
Esperança e amor quero ter.

Hoje, sou criança correndo p'la vida
Descalça pela verdura
Sonho com a infância querida...
Quem sonha é como quem procura!

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

SENTIR O PERFUME

SENTIR O PERFUME

Quero ser livre, como rio
Sentir o ar do campo nos cabelos
Colher flores, sentir o frio
Ter oito anos...quem dera tê-los!
Nasci num pequeno lugar
Para mim o mais belo do Mundo
Tenho o passado no olhar
Neste recolhimento profundo.

As laranjeiras me viram nascer
Hoje minha alma transborda saudade
Fico presa ao doce gorgeio do amanhecer
Minha infância tempo de simplicidade.

Era fresca e alegre como dia de Maio
Corria o campo era flor na campina
Agua da nascente, do sol era um raio
Alvorecer da vida era flor menina.

Amei, um amor tão candido e inocente
Que é hoje recordação
Nas horas longas entrego meu coração
E rio e choro simultaneamente.
Nesta noite fria e tempestuosa
O vento zune pelas frestas das janelas
Enquanto minha imaginação caprichosa
Me traz recordações e eu me agarro a  elas.

natalia nuno
rosafogo

CANTO DE FÉ

















DESILUSÃO


Da Vida não levo recompensa
Já que a Vida foi tão dura
Mas trago esperança, também ardencia
Talvez prá Vida futura?
Peço pouco, apenas paz
Já não peço assim eu tanto!
Já só viver me satisfaz
Se ela não me der pranto.

Quantos os anos ainda serão?
Quantas horas, quantos dias
Talvez a morte tenha razão
Acabe minhas agonias.
Assusta-me a noite escura
Assusta-me do inverno o gelo
Assusta-me a morte prematura
E a solidão que é pesadelo.

Hoje há nuvem escura no caminhar
Amanhã, talvez novo dia a me alegrar!



natalia nuno



.

natalia nuno
rosafogo

BARCA PERDIDA












BARCA PERDIDA


Meu corpo é barco parado
Na margem dum  tempo gasto
Encobrindo todo um passado
Rasgou velas, dele me afasto.
Alma em delírio pisada
Desfraldada pelo vento
Nas mágoas enlodada
Suspira minha alma lamento.

Meu corpo é flor caída
P'lo sopro dum Outono louco
Definha, perdendo vida
Ofereceu-lhe a Vida tão pouco.
E sempre esta sede no coração
Na minha alma a indiferença
Cobre-a um manto de escuridão.
Na solidão uma dor imensa.

E quando o dia finda?
Quase morto meu corpo é criança
E é com doce afago que ainda
Se enche de ventura e esperança.
E a primavera perdida?
Ficou  longe é já saudade!
E essa barca desprevenida
Volta a ser eu de verdade.

natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

EMBRIAGADA NO SILÊNCIO


















EMBRIAGADA NO SILÊNCIO

Hoje até o céu está deserto
Como deserto está tudo ao meu redor
Que sítio é este, que nada está por perto?
Embriaga-me neste silêncio invasor
E viajo de lugar em lugar
Numa caminhada solitária
à minha sorte.
Ouso dar mais um passo
Na esperança de outro dia viver
Ao encontro da morte?
Confinada ao seu abraço?
Simples conjectura, vá lá eu saber.

Meu coração fica de atalaia
E vou quebrando a monotonia
A alegria em mim logo se espraia
Vai-se o silêncio que o espírito me oprimia.
Esqueço com a força do pensamento
Aclaram-se em mim obscuridades
Volta o alento,
envolvido em saudades.

rosafogo
natalia nuno




Viro-me na sus direcção

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

HORIZONTE














HORIZONTE

É este o meu horizonte
Meus olhos o olham indecisos
Pregados em lonjuras ou aqui defronte
E meus passos seguem  precisos
A querer chegar algures
Como quem leva certeza.
Mas...perdidos em nenhures.

Trago meus olhos no chão
 Inquietos na  incerteza...
Ansioso e apertado o coração.

Nesta viagem sem regresso
Para onde quer que vire o rosto
Vejo sombrio o azul do universo
No meu horizonte o sol-posto.
Sou um viajante errante
Nas derradeiras horas do dia
a saudade
A vida foi um instante
Ora tempestuoso ora de serenidade.

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TUDO QUE DEUS ME DEU














TUDO QUE DEUS ME DEU

É tudo um sonho o que escrevo
Ou sómente  palavras sem sentido
É a vida e a morte que me traz a medo
O cair da noite no meu olhar estremecido.
E nesta febril ansiedade
Vou escrevendo até a vida se negar
Páginas e páginas de saudade
Que é tudo que hei-de deixar.

Estou sem tempo pra chegar
Abre-se a noite e desfaleço
Pra chegar...a nenhum lugar,
Talvez ao sonho, enquanto escrevo e adormeço.
Há sempre uma lágrima que meu rosto molha
E sempre um pensamento incoerente
Sono leve como uma leve folha
E o fim mais próximo, o corpo sente.

Assim estou entre o que foi e poderia ter sido
O tempo morre, e morro eu
Levo da vida o merecido
Que foi tudo que Deus me deu.

rosafogo
natalia

PERDIDAS AS ASAS


















PERDIDAS AS ASAS

Este poema meus sonhos confunde
Deixa-me o peito a latejar
Deixa que no meu sorriso abunde
O medo de me lembrar.
Passou a manhã por perto de mim
Efémera manhã sem alegria
Depois a tarde sem fim
Onde só a solidão na minha alma cabia..

As minhas lembranças já definham
E o poema magoado, não resiste
É meu fado, todas elas tinham
dentro, o silêncio que em mim existe.

Este poema é feito das cicatrizes
Dos sonhos que em mim morreram
Do pressentir de dias menos felizes
E d'outros que no rumor da vida, aconteceram.
Este poema, não tem nada pra esconder
Estes versos inúteis são minha alegria
e meu fardo.
Minha vida vazia
Último suspiro da minha boca fria
E a lembrar que hei-de morrer.

Mais um poema que guardo.

rosafogo
natalia nuno

domingo, 2 de janeiro de 2011

MEU PENSAMENTO


















MEU PENSAMENTO

Cada sonho que invento
É como ir ao encontro
Nem sei bem de quê
Mas cada vez que tento
Quase sempre me amedronto
Sem razão nem porquê.

Meu pensamento
Fica assim num desconcerto
Num Mundo que nunca vi
E sempre a saudade por perto
Como se a infância estivesse aí.

Perco-me por dentro de mim
Chego a não saber quem sou
E é a saudade que por fim
Me devolve o que se apagou.

Quando por fim me cansar
De mil razões que a vida me dê
Virá a morte meus olhos fechar
Calará de vez a razão e o porquê
Pra desta vida me levar.

natalia nuno
rosafogo