terça-feira, 7 de maio de 2019

Assim é a vida!...



orquídeas silvestres
brilham ao anoitecer,
e o amor é como a flor
na vida o que há de melhor
começa a amadurecer,
ganha uma força vital
amar é tão natural...!

aos quinze anos de idade
- o primeiro amor da m'vida
hoje me dá a saudade
da juventude perdida
da figura franzina
da menina
mais tarde senhora
bonita por dentro e por fora

o firmamento de estrelas vazio
o tempo deixa de existir
dentro de nós um rio
a correr
numa fúria que desliza
vem a morte e não avisa

as orquídias silvestres
renascerão na primavera
em tons sensuais, delicados
abrindo deleitosamente,
tudo tem significado
e cor,
paixão, ternura e amor...

Assim é a vida!

natalia nuno
2002
poema rebuscado duma sebenta
imagem pintarest





o eco da saudade...




atraso de propósito o caminhar
procuro serenar o tempo
até ao vazio do anoitecer
a tarde já se deixa à noite misturar
e assim passa mais um dia.
virá a madrugada adolescente
talvez volte a sentir-me gente.
a minha alma esfria, sinto a vida escorregadia
no rosto um último sorriso
e no coração a desarrumação
e a nostalgia...
levo os dias ouvindo o eco da saudade
olho as flores, sinto-lhes a fragrância
no silêncio da tarde,
e, numa bebedeira de alegria volto
à infância...
sigo sem nada, nem me dou conta
da chegada da escuridão
só o sonho, o passo,  a ilusão
e o sopro da saudade
que me embala neste estontear da idade

ouço os pássaros a recolher
os restos das suas melodias deixam-me lírica
por momentos sou adolescente a correr
e num fascínio incurável,
a menina ali fica...
vagueio indecisa, e a sombra me rodeia
escorrega a noite, no sonho me enredo
não importa se princesa bonita ou feia
o sonho é meu e, a noite é tudo que me resta.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net


segunda-feira, 6 de maio de 2019

o meu entardecer...



a primavera vestiu os laranjais
floriu os campos, os silvados
levou para longe os meus ais
abriu as margaridas, abriu as rosas,  deu flor ao alecrim
verdes ficaram as sementeiras, cantam os rouxinóis
meus sonhos calados
e a vida foge de mim...
quem vive vai-se perdendo entre o tudo e o nada,
caminha a sentir-se desesperada
a primavera já não mitiga a amargura
apenas nos olha com ternura
o que a mão de Deus traçou tudo renova,
menos a vida que das mãos voou,
entreabrem-se asas na esperança d' ainda voar
e doces surgem lembranças, como madressilvas
perfumadas... a quem o orvalho mata a sede,
mas a esperança já se perde.

e nas ramagens verdes o vento descansa
para voltar de novo à sua dança
tão breve como foi a vida,
sendo eu menina, sou agora
como flor sem sol nascida

os pensamentos vão e vêm
à plenitude da minha solidão
trazem-me notícias d'outras primaveras
que doces ainda me fazem sonhar
trazendo o sol antigo e meu pensamento dourar
dou graças por este entardecer
completo-me na natureza bebo dela o som e o sabor
e e neste viver, nesta beleza que encontro a harmonia
sento-me aqui ao pé da eternidade, a sentir o coração
a pulsar de saudade, ditosa, a primavera é
meu perene lugar.............................

natalia nuno
rosafogo
escrito na aldeia 26/04