palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 6 de maio de 2011
FALA-ME ASSIM DEVAGAR
Fala-me assim devagar...
Que as tuas palavras sejam como rio
Vem, retorna ao teu lugar
Aquecendo meu coração frio.
Fala-me assim devagar...
Com palavras que já não se usam
Que sejam pombos a revoar
Traz-me sonhos que não recusam
Na casa do meu corpo entrar.
Fala-me assim devagar...
Dá-me o abraço que me escapa,
eu espero,
O beijo que se quer esquivar
Nada quero perder, nada quero.
Fala-me assim devagar...
Palavras doces como dantes
Dá tu um nome a este amar!?
Diz...diz que somos amantes.
Fala-me assim devagar...
Diz em que tempo, em que grito!?
Em que chão, em que cidade
Ou se no teu corpo eu habito!?
Nesta hora da saudade.
Que recordações p'ra recordar?!
Acorda-me o corpo, adormecido!
Já não sei quem sou
Nem onde estou.
Levo este doer, ferido,
Sem saber pra onde vou.
natalia nuno
rosafogo
ONDE A VIDA ME ESQUECEU
Onde caminha a solidão
É onde a Vida se cala!
Quer eu queira quer não?!
Já tudo se vai, até minha alma.
O meu sonho, é meu cadilho
O meu caminho transformado em trilho.
Não quero ir por aí
Choro por me ver chorar
E fico por aqui!
Com tristeza em meu olhar.
Invento um tempo só meu
Invento asas, faço apelos, falo em ternura
Afronto até a noite escura
E no escuro das pálpebras clareia o dia
Mas hoje? Não estou dada à alegria.
Quantos sonhos dados como certos
Tantos outros foram inquietação
Já não sei quem me quer ou não!
Quem põe pedras nos meus caminhos desertos.
Então choro, só de me ver chorar
Sinto-me pássaro rasando a àgua
Na ânsia de se libertar.
De mais um dia de mágoa.
As nuvens do meu céu, são pequenos dragões
Que trazem tempestade às certezas e ilusões.
E a Vida se esvai, até ao último grão
Semente que na terra se esboroa
E é sombra que me cai no coração
E me deixa a chorar à toa.
rosafogo
natalia nuno
Cada verso é como um filho
Que me deixa no olhar um estranho brilho
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quarta-feira, 4 de maio de 2011
SEMELHANTE AO CÉU AZUL
Estendem-se os montes numa linha curva
Ergue-se o sol em tons alaranjados
Pousam meus olhos com visão turva
Testemunhas de tantos passos andados
Faço diário da minha vida
Ora de cores cintilantes
Ora de tristezas errantes
Horas às vezes esquecida.
Passam os dias sem cessar
A cada dia faço um retrato diferente
de mim
Viva, colorida, de sol banhada
Morta, esquecida, de tristeza abarrotada.
Um dia visto-me de Primavera
Sou papoila tremulando ao vento
No outro o Inverno me espera
Velha árvore, sem raízes, nem alimento.
Sento-me na cadeira de baloiço
Olho os campos de trevo verde escuro
Só o piar lúgebre da coruja oiço
Num grito profundo e duro.
De quando em quando
A alegria me vem aos olhos
Fico sonhando
Com a menina do vestido aos folhos.
Pequena,
semelhante ao céu azul de Verão
Saltitando na erva como um pardal
No auge da felicidade o coração.
Fazendo da infância um pedestal.
O Outono já vai adiantado
Meu coração parece uma baía
O pensamento um pouquinho agitado.
Minha mão tremendo,
como há muito não se via!
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 3 de maio de 2011
MELANCOLIA NA TARDE
Tento pôr a cabeça no sítio
Esquecer o que aspirei tanto
Coração ainda vive no meio do bulíçio
De amores, afectos e outro tanto..
Abeiro-me da triste verdade
E páro para pensar:
Ser jovem ainda, mas é só saudade!
Rejubilaria, por certo, mas é sonhar!
Já penetra em mim o frio
do Outono
Cai mais uma bátega de água
no meu peito
E eu de mim mesma rio,
Até que me chega o sono
Deixa-me sonhadora, sem jeito.
Os anos nas pernas pesando
Eu páro para descansar
As lembranças vou retomando
Deixo a saudade ficar.
Sento-me numa pedra lisa
Esqueço um pouco o meu desânimo
A gente às vezes precisa
De renovar o ânimo.
Ainda me deixo arrebatar
Tenho amor excessivo à Vida
Numa alquimia perene
me deixo a vaguear,
esquecida...
Há uma luz que vive em mim
e que a Deus devo
Que me conforta e assim
A Vida por diante levo.
E assim
vou subindo mais um pouco
Neste meu desígnio
de poeta louco.
natalia nuno
rosafogo
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GALGUEI AS ESCADAS
Galguei as escadas
Dos sonhos já escassos
Deixei lá atrás as portas escancaradas
Mas a solidão acompanhou-me os passos.
Cansei de cismar
Vou inventando coisas para fazer
A vida é sempre a esperar
Um dia, vou ao espelho p'ra me ver
Outro, perco a coragem de o olhar.
Assim a vida continua, é um nunca mais chegar.
Calar-me-ei por fim
Deixarei meus escritos pobres
Com eles construi,
sonhando, castelos de areia,
na esperança que alguém os leia.
Os ame, os devasse,ou até os ache nobres.
Serão sómente castelos de poeira?
Estas minhas memórias vivas?
É talvez a minha cegueira!?
Já que algumas são estrelas furtivas.
Já me deito às apalpadelas
Para não acordar o passado
Minhas memórias são sentinelas
Que sempre se deitam a meu lado.
Me vestem de doçura, ou de inquietação
Me trazem ainda a esperança ao coração.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 2 de maio de 2011
TROQUEI AS CORTINAS DAS JANELAS
Não encubro minha alegria
Sinto-me fascinada como um passarinho
Volta a mim a Juventude só mais este dia
Ou será apenas, mais um Sonho onde me aninho?
Hoje troquei as cortinas das janelas
E flores frescas na jarra depositei.
Rosas, tantas, ficou no ar o cheiro delas.
Até um velho calendário rasguei.
Lembranças sombrias? Deixei para trás!
Quero ficar de coração aberto
Faço vista grossa, tanto se me faz!
Mais um ano, vem aí por perto.
Quero esquecer que o tempo me atingiu
Momento a momento a vida me fugiu.
Meus olhos nas órbitas se encolhem já
Disfarço com palavras os sentimentos
Deixo o tempo desaguar, tanto se me dá!
Esqueço memórias sombrias, maus momentos.
AH! Sou um ser inconstante
Que ninguém me decifre hoje!?
Porque hoje sou o romper do Sol amante.
Mas se a palavra me foge?!
Lá se vai minha vontade
Afogo-me de novo na saudade.
Estes sonhos endemoninhados
Que me deixam viver de embalos
Põem meu coração e alma quebrantados
Ainda assim,vou querer sempre sonhá-los.
rosafogo
domingo, 1 de maio de 2011
NA MOLDURA DO SOL POSTO
Põe-se o sol mas não é noite ainda
A tarde vai levando o dia pela mão
Vaidosa se vestiu de dourado, linda!
Deixou meu olhar lembrando com emoção.
Nos derradeiros momentos deste olhar
Que sorveu tanta luz, o tempo parar.
Na moldura do sol posto
Lembrar, um sonho chamado infãncia
Os traços do rosto,
Agora esbatidos na distãncia
Ainda o verde terra nos olhos surgindo
E raios de Sol ainda a espreitar.
Na noite que vem vindo?!
Um sonho, um outro ainda sonhar.
Aconchegar-se às estrelas
Empoleirar-se em segredo,
na noite escura.
De palavras singelas,
o sonho afrontar de alma pura.
Rever-se ainda nesta moldura.
Porque o coração jamais olvida!?
Que a meninice o olhar guarde.
Para que não seja esquecida,
Os dez réis de gente.
Estrela perdida.
E a recorde sempre
No encanto d'outra tarde.
rosafogo
Dez réis de gente, me chamava com ternura minha
avó.
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