sábado, 21 de janeiro de 2017

no fundo do tempo




é larga a rua dos anos que já levo
é tão grande o silêncio que nem
me atrevo, e levo apagada a voz
e a angústia desliza no peito
desfeito...
a noite enferma é violência atroz
perco-me nas sombras
desejando horizontes onde possa
prolongar meu vôo
sem jeito, assim me vou...
a vida empurra-me para o nada
o sonho distante, a realidade presente
as sensações batem obscuramente
e vão morrendo na mente soterradas
aquietadas na dor do dia
e da noite, numa frágil porfia.

lentas são as horas
palavras caídas são vento da recordação
e tu que demoras!... recordando-te
sinto o frio irremediável da solidão.

emerjo na firmeza de seguir
vou pespontando os velhos sonhos
de esperança...visto-os com traje de menina
e como se regressasse do fundo do tempo
invento-me como outrora e uma nova luz
me acaricia e ilumina ...dou-te de novo o
coração, e tu me dás a mão.

natalia nuno
rosafogo








terça-feira, 17 de janeiro de 2017

no coração da noite...



quem  minha voz silencia
quem põe meus olhos vencidos
quem tal golpe me daria!?
os sonhos trago esquecidos
minha esperança apagada
o corpo esquartejado
certeza desterrada
memória sombreada
e meu rosto calado...
depois de tanta jornada
tudo me devolve ao nada

quem tal golpe me daria
quem minha voz silencia?!

minhas mãos em esquecimento
meu pensamento um labirinto
o coração em pranto, nem sinto!
recolho cada lágrima furtiva
não quero perder esta luta
insurjo-me contra o tempo e a vida
e contra o assédio da morte.

essa filha da puta.

natalia nuno
rosafogo
poema que é grito!