o tempo é como outono que de mim
se apossou
é estranha a sua despedida,
rugas no rosto deixou
e no olhar obscuridade
tal como a vida,
fazendo-me refugiar na saudade.
percorro o corredor da nostalgia
olho-me no retrato esquecida
porquê alguém de mim, se lembraria?
só as memórias mantêm um pouco de vida
mais uns traços no rosto,
passou outro dia
o vento deixou de soprar por agora
ficou a agonia
deixou um murmúrio de ramos despidos
que o inverno entorpece,
e os passos dos sonhos perdidos
em palavras difusas onde nada acontece.
este poema foi a noite que inventou
com uma esperança que não me diz nada,
sobre o inverno que não tardou
e faz da vida água estagnada.
natalia nuno