palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
assim nos amamos...
Passa uma brisa de ar fresco,
sento-me nesta cadeira
desengonçada,
noite inteira...
Pego num jornal
como um ritual...
Perto da janela impestada
de mosquitos que dançam
à volta do candeeiro da rua
e minhas ideias avançam
na saudade prenhe,
de recordar,
o dia em que fui tua.
O único intruso aqui é o luar!
A iluminação do candeeiro
traz-me sonolência
e à lua faço confidência,
quero sonhar com teus lábios
humedecidos,
quero em ti navegar,
sentir o teu pulsar
ser de novo o teu desejo
e acabar o sonho
num beijo.
O sono aquiesceu ao meu pedido,
peço a Deus um sonho divertido
rico de fantasia,
como se fosse inda, outro distante dia,
na manhã seguinte há muito que
contar e tudo fica aclarado,
entre amor real e o amor sonhado.
rosafogo
natalia nuno
imagem da net
quinta-feira, 20 de setembro de 2012
vincos de saudade
ao meu redor vejo gente
abafando o pranto,
decido olhar
e é grande o espanto,
mãos nervosas,
lágrimas nos rostos,
olhos enigmáticos
sem idade
e vincos de saudade,
levam a mão ao peito
em jeito
de oração
que aprenderam dos avós,
anos após,
ensinaram aos netos
meninos predilectos
de suas vidas
consolo de suas existências.
hoje entregues a si mesmos,
todo o dia
regressam de onde nunca saem,
lábios abertos sem alegria,
ele traz ainda uma gravata encarnada
e ela lembra pouco mais que nada
vejo-os agora afastando,
gesticulando...
E pensar que tanto se amaram!
Os meus receios não tardaram
partiram amando-se...
rosafogo
natalia nuno
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
auto retrato
são verdes teus olhos
tão vivos como os duma criança
na boca um sorriso pálido
quem sabe de amargura,
ou de esperança...
caracteriza-te
ternura
e afabilidade,
por isso tenho por ti amizade
coração sem rancor
onde só cabe o amor.
o nascer do sol te ilumina
não deixes que a nostalgia
se aposse de ti
menina que dia a dia
escreve poemas com princípio,
meio e fim
aqui
com entusiasmo enorme
-longe no tempo a escrever
se estreou
e prisioneira ficou-
escreves com suavidade
e falas sobretudo de saudade
rosafogo
natália nuno
poema de imaginar sómente...
Vou desafiando o tempo
o tempo que não me ignora
me levando a seu contento
sempre lembrando-me a hora
diz-me ele que vai e vem
que faço mal em o olvidar
que é ele que sempre tem
tanto a me ofertar.
antevejo o futuro
buracos abertos no chão
decerto um tiro no escuro
entrevejo em meu coração.
faço uma vigília acesa
não deixo a chama apagar
e do rigor da minha atenção
vai vivendo meu coração
cada manhã há um milagre a sorrir
uma pomba branca esvoaçando
e uma nova luz na mente
e eu amo e imagino
e crio um poema de imaginar sómente.
E grito...grito...grito!
e o poema fica aflito
e é pena...
porque o meu grito é de alegria
renovada,
é uma lágrima feliz correndo
na mira de ser amada!
e venham mil sóis, mil luas
e brilhar
por sobre terra e mar
que a gente hoje...meu amor
vai-se amar!
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 18 de setembro de 2012
a melodia que alguém me assobia
olho a tristeza das árvores
no seu jeito de morrer de pé
é forte a força da sua razão
arragadas à terra com firmeza
como se tivessem coração
e nele habitasse a fé,
renovo a minha esperança
num amanhã feliz
agarro-me à lembrança
do que houve e não volta mais
e em silêncio escuto a voz,
de meus avós,
e meus pais,
infantilmente me deixo aí
nesse lugar
da minha raiz
porque lá ou aqui
vou sempre recordar,
cheiros sabores e cores,
as enxurradas do rio,
o coaxar das rãs,
o cão latindo
a criança sorrindo,
as manhãs a desabrochar
mensageiras de sol e promessas
as janelas abertas sem mistério
e lá ao longe o cemitério.
assobiam agora os vendavais
na minha mente desgrenhada
o que houve e não volta mais
ainda sinto uma melodia soprada
ao ouvido, alguém assobia
e tento retê-la nos escombros
da memória e nos assombros
da poesia.
natalia nuno
rosafogo
domingo, 16 de setembro de 2012
a vida e eu...
O tempo marcou-me as feições
nas palavras deixo a mágoa
trago sonhos e ilusões
e os olhos rasos de água
pareço pássaro aturdido
com a luz do entardecer
por entre a folhagem escondido
vou deixando acontecer.
Trago a saudade no peito
como se fosse feitiço
para o qual não há jeito!
Assalta-me a qualquer hora
é viagem onde me perco e me invento
me alegro, entristeço,
e anoiteço,
quando de mim se assenhora.
E tudo em mim adormece
como se voltasse à infância
nesse tempo ainda cedo
onde nada tem importância
onde não existe o medo
onde se esquecem as horas
e não há marcas no rosto.
A vida tem de justo e injusto
traz a cada manhã nascida
o segredo dum novo dia
de amargor ou de alegria,
a vida é lâmina de punhal
onde ora estamos bem,
ora mal...
eu no sonho me penduro
esqueço o suor da corrida
desprendo-me do tempo
e dos invernos da vida.
rosafogo
natalia nuno
imagem da net
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