palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
histórias recontadas...: encontro de rua casual...comadres I
histórias recontadas...: encontro de rua casual...comadres I: Claro que são as comadres!encontro de rua casual Sempre com tanto para contar, ele são os filhos, e depois os netos, e eram os maridos...
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
lembranças saudosas....
hoje lembrei a adolescente que conservo na lembrança com comovido afecto, e recordei-a feliz e descontraída, no seu sapato alto e saia reduzida, orgulhosa da sua aldeia e da sua gente que apesar de pobre, era rica de sentimentos, sendo eles que deram sentido e esperança ao desabrochar desta adolescente. hoje, lembrei também dos rapazes de mãos rudes e palavras desajeitadas e dos bailes onde sonhava ser princesa sem castelo....há diariamente uma história que conto a mim própria que jorra desta fonte que é meu passado, ora alegre ora sombria mas sempre viva... a aldeia e eu seduzimo-nos mutuamente, há recordações que acarinho e evoco nas minhas horas sombrias e assim me vou distanciando da solidão dos dias, sentindo que agora sou de novo um ponto ínfimo no fim da caminhada... devora-me o tempo, só a Poesia me conforta e a memória é ainda guardiã do arquivo onde guardo todas as lembranças... lembranças que me segredam os azuis do arco íris que preciso para voar, se inclinam sobre mim com ideias risonhas e me afastam pressurosamente do ser que sou agora...
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
pequena prosa...
Cada homem tem uma história para contar,
leva a vida como pássaro, a granjear a subsistência
caminha por atalhos cinzentos com a chuva dentro dele,
desde que nasce o sol até que se despede de si com o corpo cansado
desposando o sono e derramando o seu desejo nesse repouso,
onde como rio se afasta... aguarda a madrugada para renascer de novo
de mãos vazias, apenas o coração a bater... e o afecto que nele nutre por alguém que o traz ainda embriagado, algum rumor antigo que lavra na sua memória, que evita lembrar, para não se sentir de novo abandonado e para que os olhos não voltem a chorar desamparados... abre o dia e ilumina-se a noite e ele neste vai vem até esquecer a idade e sentir o sabor amargo da travessia...abandona-se à sua verdade como se fosse uma folha em branco de onde já não quer sair...sente nos ossos o som da morte que ao longe caminha sorrateiramente...
natalia nuno
pensamento
Sobre o mar sereno dos pensamentos, surge de quando em quando uma nuvem negra que se avoluma e faz bater o coração a um ritmo quase doloroso...
natalia nuno
hora calada
casa branquinha
minha velha casinha
ainda ouço nela
as gargalhadas sonoras,
dizia a mãe: ri-te, ri-te
que logo choras!
na janela os raios de sol
o sino da igreja bate as horas
as horas mansas, mornas, ternas
aos meus ouvidos eternas.
soam-me ainda os ais
da avó de luto vestida,
e as rezas que nunca eram de mais
para agradecer a Deus a vida.
casa velhinha
hoje assombrada
onde as almas deambulam
p'la calada
os ramos frágeis do salgueiro
caindo sobre o poço
agora sem burro à nora
nada ali já ouço...
na nostalgia desta hora
só permanece da terra o cheiro
minha última sensação
o destino marcou, e o tempo
vai -me levando o coração
resta-me a lembrança
foi Deus que assim quis
que apesar da mágoa, foi ali
que fui feliz!
natalia nuno
rosafogo
eu e tu, apenas...
puseste a mão na minha cintura
vi estrelas na noite a brilhar
eras um rio de ternura
de mansinho na madrugada,
em mim a desaguar
tantas lembranças serenas
tempo de fascínio, o pulsar da magia
eu, e tu apenas
a quebrar o silêncio na casa vazia
deixei-me aprisionar
até que o dia a noite afogou
e trouxe gotas de mel ao teu olhar
que o outono suavizou...
o perfume dos teus beijos
é o momento para cair de novo
no abandono dos teus braços
alheia à vida, numa volúpia tardia
amar, amar era o que mais queria
na margem do teu rio que me abriga
numa plenitude sem idade
enquanto um bando de pássaros
canta lá fora a sua cantiga.
fica o coração abater em lentidão
surge a saudade,
como um último vento de verão
e na aurora do desejo... só mais um beijo.
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
quem se lembra amanhã...
quem lembrará amanhã
de meus versos de saudade
desta tristeza que trago
que escrevo e não apago
ao recordar da mocidade
quem lembrará amanhã
meu nome escrito na folha
talvez algum sonho o acolha
oração que lhe dê guarida
e assim me lembre em vida
quem lembrará amanhã
do Poeta que Deus fadou
dos queixumes, desta fome
da saudade que o consome
da solidão que testemunhou
quem lembrará amanhã
o brilho da sua imaginação
os lábios que a sombra calou
a alma que a morte devorou
a melancolia que traz no coração
quem lembrará amanhã
do sofrimento e do pranto
do vendaval a correr
do padecer que é tanto
deste gosto de sofrer...
mas, quem amanhã me lembrar
que saiba que m' sonho é verde
hei-de escrever até cansar
até...que a memória se perca
a tempestade me quebre
a vida me seja breve,
e a morte me leve.
natalia nuno
rosafogo
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