sábado, 13 de agosto de 2016

amor saudade...


já não tenho mais palavras para dar-te. guardei-as nos teus olhos como se as sepultasse, para escrever mais tarde um poema que me amasse, me fizesse sentir viva, me falasse a tua língua e não esquecesse de me deixar ao teu beijo cativa...amor perfeito este que trago a latejar no peito, como uma festa de estio, amor que é rio, e é ponte que atravessa meu horizonte, tempestade e serenidade... amor que é saudade!

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

êxtase...




hoje a minha memória é Primavera, há um cheiro macio pelo ar, afagos e ternura...tenho até medo de quebrar...quebrar o arco-íris que avisto por entre os lírios, e corro alegremente sem parar por entre as sardinheiras donde se soltam pássaros a chilrear-me beijos que esqueci nos teus lábios de mel, no teu corpo, na tua pele...aqui e ali, nascem junquilhos lilases a lembrar-me a falta que me fazes, os cristais do orvalho correm-me nas veias...alegro-me sempre que a Primavera floresce em mim, trazendo-me um mar de papoilas e o êxtase do teu ousar...

natalia nuno
rosafogo

quem espera...alcança...


entro nas manhãs com pés descalços, caminho por entre vales de milho embandeirado, nos ouvidos o cantarolar das cigarras que são estrondo pelo meio dia, sento-me à sombra do salgueiro, respiro os cheiros das giestas que o vento me traz, e o céu fica ao meu alcance, limpo de nuvens e livre, para eu sonhar com as tuas carícias que tardam....


natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

oculta ternura...



recordação é como se alento fosse da vida
ou companheira de viagem
duma mente envelhecida...
é estrela que encandeia
que lavra versos de beleza
em sua linguagem,
e que à noite
soletra formosas profecias
dando alento aos dias...
e assim, os anos levam  meus olhos
estes, que quase ocultam a minha recordação
e me olham hoje sob indiferente solidão

fiquei na sombra dum tempo que lá vai
sem retorno, distancio-me do caminho
da estação efémera, que do pensamento
não sai...
o tempo vem me apagando como uma gota
de sombra, reenvento-me o tempo inteiro
sinto-me menina a balancear no loureiro
num sonho que só eu sei decifrar,
andorinha primaveril de sonhos mil
com pensamentos esculpidos para sonhar
e nenhum acordo com o mundo
sou pássaro livre
trago a liberdade desenhada no olhar.
e a recordação no bater do coração.

natalia nuno
rosafogo

desejo que em mim se deita...

continuo a caminhada pé a pé, sonho com uma lufada de ar fresco cheirando a mimoseiras floridas, outros tempos me vêem à memória e um fogo me sobe à face... vai o sol a pique mas, ainda estou pronta para amar, deixo-me levar mais tarde pelas asas do rio que vive em mim, e remo até surgir a tenra maresia...por ti! pois só por ti ainda sonho!

natalia nuno


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

veios de emoção...


visto de doçura o coração  que engravidou de saudade...e o pensamento sem amarras, é flauta ao vento deixando eco nas palavras...o sonho, leva a marca dos meus dedos, a esperança que abriga minha alegria, e um fardo de lamentos que são pingos de chuva nas correntes do meu olhar...

terça-feira, 9 de agosto de 2016

bilhete de viagem sem regresso


as palavras deslizam no silêncio
como o orvalho que desce da planta ao chão
e o verde água dos olhos desce com agilidade
ao coração,  a madura saudade
como cetim, toma posse de mim,
o pior é quando chega imensa...
e me ameaça, agarrando-me as asas
vigiando-me os passos, trazendo com ela
o dom de abrir feridas, do tempo calado
para sempre... abraça-me, enternece-me com
o lembrar da menina da minha idade
ai a louca saudade, que me faz companhia  dia a dia
sem me deixar descansar.
a memória é nuvem de pó, às vezes me deixa só!
as memórias ardem-me no peito sem parar...
recolho as palavras, endureceram as consoantes
e as vogais, não são doces como antes, e
jogam às escondidas com meus ais...

a minha voz já não é daqui
meu coração já abranda
o meu sonho é como água a despenhar-se
sobre o que já vivi, no peito
abraço a vida que foi uma longa noite,
comprida, com pedacinhos de luar
apenas um esgar, o bilhete da travessia
até chegar o dia...

natalia nuno

quando cai o silêncio...

presa por um fio à tarde, encosto a cabeça à janela e logo uma saudade escaldante me assedia com ébrios sonhos e rubras fontes de amor para onde o meu coração se desloca...


natalia nuno