palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
a culpa é da palavra
a culpa é da palavra
que me leva a aspirar a felicidade
me deixa o espírito agitado
gera em mim a saudade
dissipa-me a ilusão
choro se não a amo e choro
porque a amei
derramo lágrimas em vão
a culpa é da palavra,
que de tanto a admirar
é quimera, sonho difícil
de alcançar...
a culpa é da palavra
um mar a rebentar em mim,
onde chega o prazer e há tanto
por dizer...deste meu viver.
só ela me espanta assim,
salta, salta na minha mente
baila, baila na minha frente
fala-me d' amor, fala-me de saudade
da memória duma vida
toda bordada de matiz
que vem de longe e floresceu,
de longe... onde eu era feliz!
a culpa é da palavra
da sua beleza e melancolia
abelha que vem ao meu ouvido zumbir
borboleta vaidosa que me vem beijar
uma e outra vez a repetir
que é barca que me leva em alto mar
sempre na minha alma a germinar,
ela que exalta o meu viver
luz divina, que
me faz mais mulher.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
posto o coração em desafogo...sonho
dou asas ao sentimento
e toda a trama se desfaz
caída nos braços do esquecimento
a mente em branco
a realidade a rir-se de mim
e eu em paz...
chove a potes,
a emoção cansa-me,
o pulso altera-se
e o sono vence-me,
a recordação convence-me
e vou um pouco mais aquém
pois ela me leva sempre mais além...
frente a frente fiquei
com a frescura da brisa do rio
e ali me deixei...no sonho
ao passar a ponte o céu clareou
ficou limpo, as coisas ganharam cor
ouvi o ulular do vento nas canas
as rolas cantando ao amor
depois um estranho silêncio
o ânimo afrouxa
deixo-me pela saudade arrastar
pego na trouxa
e vou ao rio lavar...
ah...ser poeta é ser ninguém,
ser livre e ser vazio, é como
ser nuvem sem água,
ainda assim chorar de mágoa
ir sempre um pouco mais além
trazer os pensamentos à mão
pintar a vida com alma e coração
neste sonhar que minha alma adoça
não há mal ...que mal chegar lhe possa
natalia nuno
rosafogo
domingo, 21 de setembro de 2014
o trinar dos pássaros...
procuro o aroma da infância
tudo a minha mente imagina
o rio os arvoredos, o moinho
o açude, as videiras, o fazer do vinho
os besouros as borboletas e eu menina.
os sons, os reflexos, as sombras
o trinar dos pássaros...terra minha,
a ladeira, o adro e eu ave ao vento
papoila do campo, incendiada
de cores, num voo livre, no coração
amores.
no eterno salgueiro o pintassilgo
a fazer-me vizinhança
cantando comigo ao desafio
e eu tão pequena, tão criança.
nasci olhando o rio, amei-o,
meus olhos rasgaram o arvoredo
hoje trago no rosto sombras do estio
que o embaciam de medo
e que meu coração intuí
que não volto a ser quem fui
mas guardo ainda no íntimo a esperança
e o sonho ainda me cabe
e sou de novo a ave e a criança
o mesmo aroma, a mesma febre de felicidade
e sempre intacta a saudade.
natalia nuno
rosafogo
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