palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
nas dobras da vida...
O sopro do vento avança sobre a seara
ficam tristes os rostos
das moçoilas mondadeiras,
correm lágrimas nos olhos, são ribeiras,
murcham as papoilas a saudade não pára!
Vão murchando como flor na jarra
sucumbindo com pássaro triste na gaiola
em busca do amor, que vão pedindo
por esmola.
O vento sopra derrubando-as ao chão,
são flores arrancadas ao caule,
sonhando noites a fio,
ali ficam de asas cortadas, entre elas o desafio
de virem a ser amadas,
e interrogam-se...que fiz eu de mal?
Interrogações repetidas e demoradas.
seu caminho é lento e poeirento,
e o amor não lhes sai do pensamento.
Tudo a natureza lhes deu, a pele morena,
pernas de gazela, corpo de princesa,
desejosas de se entregar a uma afeição
passou o tempo, surge a incerteza
com sua carga de fatalidade
e no coração sobrou... apenas saudade.
natalia nuno
velho poema, dos meus 1ºs, sem data.
imagem retirada da net
domingo, 28 de julho de 2019
feitiço...
enfeitiça-me o marulhar das ondas
pensamento inquieto perante o mar sem fim
traz-me lembranças de mim,
a tarde está perdida, cai a noite
perdeu-se a claridade, e eu aqui nesta saudade
lembrando uma vida inteira de solidão
e a noite chega mergulhada em escuridão.
medito sobre a que fui e a que sou
o caminho de onde vim e para onde vou,
estou longe de mim nesta noite escura
já só sou lembrança
mas o mar devolve-me a ternura
da que vive em mim e é criança.
acendo a esperança e então vejo
que estou presente, mas tão ausente
com os sonhos tombados, a vida passou
na minha memória desmemoreada, ainda viva
eu recordo a que fui e a que sou.
natalia nuno
rosafogo
asas de fogo...
amanhã... é só amanhã! é nada!
e tu, que eras perito em sedução
tanta meiguice aos ouvidos soprada.
o corpo despertava para o desejo
da blusa desabotoavas-me o botão
gesto teu, sem palavra, mais um beijo.
hoje é só hoje! é pouco mais que nada!
uma multidão de saudades, e a ilusão
que perturba, e traz-me à lua enredada.
ontem sim ...era o corpo em brasas
embalado desse amor, o coração
e o pensamento enredado em suas asas.
o tempo ido, ainda hoje me afaga
embriaga-me de esperança e de ilusão
na memória lembrança já tão vaga.
natália nuno
rosafogo
meus versos nus...
trago os versos vestidos de velhos panos
o rosto a disfarçar as emoções rendido aos anos,
a vida vai-me emprestando sonhos
pedaços vividos na mocidade
sentidos tão intensamente.
são música p'rá alma, são benção
tudo que o coração sente.
depois de ter andado tanto
chegar aqui mais que viva,
alegra-me e me espanto
de ainda, do sonho andar cativa.
o pior é que há palavras que me doem
nos versos que escrevo, nem sei se devo
falar de felicidade... são terra de flores?
serão chegados à perfeição?
só sei neles a infinita saudade,
genuínos de verdade, são minha criação.
versos nus de não sei quê
horas sem fim, momentos tais,
ânsias, venturas e não sei que mais!
o amanhã que mal se antevê
os dias não me dão escolha
vão-se e eu aqui fico nesta saudade estranha
porquê... ela sempre me acompanha?
natalia nuno
rosafogo
imagem pintarest
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