palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quarta-feira, 28 de novembro de 2018
saudade, forte refúgio...
lembro quando os pirilampos
corriam à minha frente
iluminando o caminho
e eu inocentemente corria
e a terra já dormia
as estrelas olhavam-na do céu
o vento brincava nos meus cabelos
que caíam em anéis espessos
e meu riso soava doce
lembro-me como se hoje fosse,
o orvalho tombava do céu
tão puro quanto eu.
já dormiam os vivos
os pássaros recolhidos no ramo
só os pirilampos me faziam companhia
também som das águas do rio que da janela
ouvia...
o vento sempre me fala da saudade
saudade do freixo, saudade do açude
e da menina que nos sonhos vejo
a atravessá-lo amiúde,
quando é maior a solidão
e o sonho ilusão
volto à meninice, onde os pássaros cantam melhor
e o rio chama por mim
eu sonhadora lá acudo ao chamamento
e vou ao lugar de onde vim
e se por ventura o moinho ainda chora
interrogo o vento na hora
invento, invento como se os pirilampos
ainda estivessem por perto
e com o coração aberto
tudo o resto passa ao lado
dos meus olhos fechados
.....................
tudo isto sonha o poeta
mas o poeta não sabe nada
fala por ele a saudade, quando
faz poemas na madrugada
saudade é sua chuva seu sol,
seu ânimo para qualquer ocasião
é o acomodar a paz no coração.
palavras e lembranças, adoçam-me a boca
aos ouvidos fazem cantar os pintassilgos
docemente... e assim, ainda me sinto gente!
neste mundo meu, há lírios que a memória retém
que só eu vejo crescer, que serão o embalo
do inverno que aí vem...
natália nuno
rosafgo
domingo, 25 de novembro de 2018
vento da minha imaginação
morreu o vento
choram meus olhos em desalento
e o dia entristecido já declina
a chorar a chuva fria e fina
- fecha-se o céu em escuridão
nada se conhece, para além do que parece...
meus olhos a querer decifrar
teu coração e sem nada descobrir
nos olhos que venho a amar
se hei-de ficar ou partir!
morreu o vento
no ar se dispersa meu pensamento
sou mortal que ama e sente
às vezes sofro resignadamente
- a vida reduz-se a nada
se não me sentir amada
como um mar que brame
se não tenho quem me ame
mas tudo se atenua
no peito o sonho a transbordar
serei tua se me souberes amar
se fôr grande o sentimento,
que importa se morrer o vento?!
experimenta! ... o amor, não se acorrenta.
natalia nuno
rosafogo
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