havia uma ladeira em declive
lá em baixo o rio e as flores
que eram brinquedos, bonecas que nunca tive
flores de todas as cores, como o futuro
que imaginava enquanto no rio lavava
não há imagens que eu esqueça
existo ali, toda eu sou alegria
existo, em sonho assisto à beleza
da natureza pura alquimia
desço sem pressa a ladeira
o rio me espera encharcado
até hoje namora o salgueiro ao lado
a tarde já recai, regresso à eira
onde um pouco mais de sol e mais de vento
torna tudo um acontecimento
malham o trigo os malhadores
rapazes novos a pensar no casamento
nos amores, será a alegria certa
e serão abençoados,
trazem os dias contados
a noiva levará o véu
e o rio espelhará o azul do céu
recordação que doce se entranha
e toda a vida nos acompanha.
já as sombras caem, as primeiras
estrelas se acendem
meu coração em agitação
e meus pensamentos ao sonho se rendem
e ninguém sabe até onde vão...
natalia nuno
rosafogo