segunda-feira, 10 de agosto de 2020

o brotar da nostalgia...



cansadas docemente sobre o regaço
gestos multiplicados sempre iguais
mãos hábeis... morrendo de cansaço
cálices de amor q' agora não são mais

perdidos andam  pensamentos à toa
procurando-me cada vez mais no fundo
solidão, carência nada há  que não doa
despojada de sonhos invento meu mundo

perco o olhar, não há sonhos ou desejos
apenas se esgota na distância do que vivi
lábios, já não se entregam aos teus beijos

passam as noites e não vislumbro nos dias
a ternura cega que vinha falar-me de ti!
do quanto, fervorosamente tu me querias.

natalia nuno
rosafogo









domingo, 9 de agosto de 2020

no silêncio d' alma...



lembranças são testemunhas
do meu silêncio
enquanto a tarde desvanece
escuto os pássaros na folhagem,
tudo à minha volta escurece.
também a minha imagem
como o sol vai desaparecendo,
esplendor sem futuro, morrendo
e na despedida do outono
um caminho duro, de esquecimento
e sono...
jardim ermo sem rosas, vazio
a sede de sonhar por mim passa,
o rio que me envolvia fez-se mar
sulca-me o rosto retorna e fustiga-o
esquece as margens de flores, a graça
que nele havia,
inunda meus olhos dia após dia...

recordo meu amor que era inteiro
e tanta a ternura cega
onde será seu paradeiro
que não têm hora nem entrega?!
é tamanha a minha fragilidade...
que me aflijo e consumo
mas novo dia começa,
sigo meu rumo
e as lembranças são já «Saudade»
que me acode ao coração
que tilintante bate e não cessa.


natalia nuno
rosafogo