sábado, 19 de março de 2011

TARDE SUAVE



Aqui estou com meus pensamentos
Hoje mansos como os ventos
Vou assim o tempo gastando
E a Vida
Os sonhos sonhando
Na saudade perdida.

Levo a vida cansada
Neste dia, nesta hora
É noite daqui a nada
Já a Vida não melhora.

Minhas lembranças presentes
Sempre em mim acordadas
Trazem sensações ardentes
À viva força arrancadas.
São ainda o meu maior bem
Variadas,  mágoas e alegrias
Lembranças que a gente tem
D'outros tempos, melhores dias.

Mas palavras leva-as o vento
Ao vento as espalho docemente
Palavras  tristes ou de contentamento,
Cantando...
A vida melhor se sente.

natalia nuno
rosafogo
imagem ret. blog imagens
para decoupage.

ALUMBRAMENTO



Hoje olhei o mar
E falei com o firmamento
Me embalei no seu ondear
Aventurei meus sentidos nele adentro
Fiquei verde de esperança
E em meu coração
Infinita bonança.

Ergui uma barreira
Nos abismos da escuridão
Esqueci o rumo perdido
E à minha beira
Ventos trocados virão
A minha força pode ser pequena!
Mas eu saberei que valeu a pena.

Hoje olhei o mar
É grande em mim a ânsia de querer
a esperança agarrar
o sonho sonhar
O sonho do ser e do não ser.

O vento brinca nas alturas
Canta uma canção que me abraça
Colorida de esperança e ternura
Dizendo-me que a vida não acaba, apenas passa.

No silêncio do meu peito
Paira a Poesia da Vida
A escrevo com a alma deste meu jeito
Nesta tarde enlanguescida.

rosafogo
natalia nuno

sexta-feira, 18 de março de 2011

DESATOU-SE O FRIO



Noite de insónia me abandono,
Nas horas contadas,
Nos anos passados
Uns atrás dos outros,
e EU sem sono.
Ideias esgotadas
Dias enfastiados.

Em sonhos mal dormidos
Repassa toda a minha vida!
Momentos de ventura, queridos.
A tudo o sonho me convida.

Dou conta do meu existir
Não sou apenas a mão que escreve
Dou conta... sou a menina a ir e a vir
Com o sol nas mãos e a alma leve.

Trago o rosto aberto ao vento
Cansado, amassado dos dias
A voz enrouquecida
dum rezar sonolento,
A mente povoada de fantasias
E rola uma lágrima desvanecida,
Por cada milímetro de felicidade.

Talvez alguém me diga
- O que fazer com a saudade.

A tarde mudou
Desatou-se o frio
Eu aqui estou
Revendo o passado,
fio a fio.

rosafogo
natalia nuno

quinta-feira, 17 de março de 2011

MINHAS PISADAS



Formigas trabalham o dia inteiro
Limpando, carregando o celeiro
E eu libelhinha distraída...
Esvoaço, com medo da vida
Que me faça cativa...
Me estenda uma cilada
Me deixe de asas caídas
Ser e não ser... não ser nada!
Minhas palavras emudecidas.

No vaivém do vento
Andam lágrimas em desespero
Ânsia de ter livre o pensamento
E os sonhos? Para que os quero?
Já vou alargando o passo
Descalça sigo em liberdade
A terra vai apagando meu traço
Meus anos se queimaram na saudade.

Fico flor pendida a reviver
Saudade...tenho saudade!
Não me peçam para esquecer
Lembrar é minha felicidade.

natalia nuno
rosafogo
imagem ret.-blog imagens para decoupage

DIGAM...DIGAM!



Sou quase analfabeta é bem verdade
Mas escrever é o meu papel
Trago poesia entranhada na pele
E em mim trago a saudade.
Digam, façam acusação!
Pois que falem, é a realidade
Trago a poesia no coração
E a escrevo com ingenuidade.

Trago meus sentidos embotados
Desta dor só Deus sabe!
Meus versos não ficarão calados
Cantarão a mágoa que em mim já não cabe.
Meus olhos se perderam
Sabe-se lá por onde!
Os sorrisos se esconderam
Restam vestígios que o rosto esconde.

Quando toma conta
de mim a nostalgia
Choro de noite, sorrio de dia!
E assim a vida corre,
Enrolada num torpor,
Como balde de água fria
Ou um sonho sem sabor.

natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 16 de março de 2011

PÁGINAS DO MEU VIVER



As minhas poesias
São páginas do meu viver.
Da Vida contam os dias
Crescem nas minhas entranhas
São sonhos e quimeras tamanhas
Que no pensamento estremecem
E como rosas fenecem.
E ao morrer?!
Levam com elas, tristezas e alegrias.

Surgem das nascentes
da minha vontade
Dum rio que corre em mim
Suas margens e afluentes
São a saudade
Que vai crescendo assim.
Fazendo-me viver,
sem se importar ao que vim.

São como a força imparável do vento
São livres como  nuvem passageira
São pássaros brancos em lamentos
Voando p'lo Mundo sem eira nem beira.

Minhas poesias são madrugadas
São tardes vestidas de azul
Relampagos, raios, trovoadas
São este, oeste, norte e sul.
Gemidos desde o dia em que nasci
Rumores, insistências, são pão!
Elas aí estão falam por si.
Atravessam a memória sem rumo
São a lenha, o fogo, o fumo
Ardendo em  mim,
procurando seu chão.

Minhas poesias são palavras perdidas
Palavras achadas
Sentidas
Amadas.

São becos sem regresso
Caminhos onde a saudade tem crescido
São a distância que meço
Da criança que sonhou e
tem seu sonho perdido.

natalia nuno
rosafogo

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terça-feira, 15 de março de 2011

POETA DE MERDA



Quando eu morrer
Não quero nem uma rosa arrancada
Nem da rosa um só espinho
Não quero ser perturbada
No silêncio do meu caminho.
Continuarei a poesia inacabada
Nem me perguntem como sei
Eu afinal não sei nada!
Mas nem lágrimas quererei.

E se coragem houver
Digam agora
que sou poeta de merda
Nesta hora,
Haja quem diga o que lhe aprouver
Porque depois é simples perda.
Digam, que escrevo
e não deixo nada.
Que só me atrevo
A falar de saudade
Que a  poesia é água parada
Correndo às vezes com intensidade.

Levo-a guardada
No silêncio do coração
E na minha alma desordenada
E ainda que não valha nada!
Vou querer sempre tê-la à mão.
Digam que sou Poeta louco
Mais um que da terra se afasta
Que o vosso ruído será muito pouco!
Pois vôo sem asas e isso me basta.

Pela última vez vos proponho
Que digam mal aqui e agora
Ou deixem-me de vez o sonho
O único que resta, agora que vou embora.

rosafogo
natalia nuno

RECORDAÇÕES EM TROPEL



Quando me vejo ao espelho
São duas figuras na escuridão
A que vejo não conheço...
O espelho é velho!
Porque há-de querer tirar-me a ilusão?
Dizendo que sou a que não pareço.

Nem um arremesso de sorriso
Tiro conforto da solidão
Tomada de alegria infantil, sem juízo
Esqueço a outra e sossego o coração.

Perco-me nas recordações
Aceito a dávida que Deus me deu
Pego nas rédeas das ilusões
E faço do Mundo, um Mundo só meu.

Deixo meu pensamento louco
Borboletear como borboleta em ilusão
Ausentar-se, tocar o deserto
e a pouco e pouco
Aconchegar-se na solidão
Sentindo o futuro tão perto.

Tal como a Terra, p'lo peso esmagada
Da Vida e da Morte a passar por si
A minha alma se deixa calada
Enquanto a Lua surge e sorri.

natalia nuno
rosafogo
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segunda-feira, 14 de março de 2011

CANTANDO DIZIA EU



Florescem árvores velhas e novas
E em mim floresce a vontade
Vontade de lavrar novas trovas
Ao Amor e à Saudade.

É o meu grito, o meu desejo
O grito que sustenta o meu querer
Queimando dentro de mim
Sem fim!
Em entrelinhas me vejo
Ainda a florescer
Tentando a vida entender.

Lembranças bem inocentes
Como estrelinhas trementes.

Ao longe o sol-poente
Dourado como uma brasa
Não é só sol, é meu sangue quente
Com a loucura que me abrasa
Meu pensamento, sobe ligeiro no espaço
E tem tanto que contar
Para quem quiser ouvir...
Ato meu cabelo com laço
Ao passado vou voltar
E esqueço o porvir.

Floresce em mim a vontade
Quero cantar todo o dia
Coisas que falem de amor!
Até me doer a saudade
Se acabe em mim a fantasia
Ou que o sonho me cause dor.

Descalça correndo
Como fazia ao desafio
Ah...como ainda me estou vendo!
Ainda corre em mim esse rio.

natalia nuno
rosafogo

imagem retirada do blog-imagens para decoupage

domingo, 13 de março de 2011

PALAVRAS ESCRITAS



Falta de vontade
Ou incapacidade de viver?
Falta de doçura na memória?
Ou tão sómente saudade?
Ou inquieta ternura de querer
Revisitar minha história.

O coração cansado
Mas a coragem não derrotada
O passo mais lento e pesado
A alegria às vezes murchada.

Meus olhos baços
Meus gestos agitados
Preocupações, embaraços
Sonhos de esperança privados.
Lembranças de tantas horas
Lembranças que ainda penso e vivo
Que vão e vêm sem demoras
Ao pensamento feito crivo.

À angústia não vou ceder
Medito nesta decisão
Não quero, não quero morrer
Tamanha tormenta esta obsessão.

Sempre triste, magoada?
Meus sonhos já desabando?
A vida passou foi um pequeno nada
Mitigo a angústia chorando.
Nestes versos que escrevo
Tão sentidos quanto eu
Deixo meus ais meu medo
Alguém lembrará quem escreveu?

Redescubro o gosto pela vida
Me acalmam as palavras escritas
Depois da estrada percorrida
Lembranças cada vez mais infinitas.

natalia nuno
rosafogo