domingo, 25 de fevereiro de 2018

pássaro livre...



teço em cada manhã um par de asas
embrulho os sonhos e sigo caminho
como um pássaro voando sobre as casas
a rasgar o vento que sopra p'lo rosmaninho
sina minha,
ave assustada cruzando montes
sem saber do rumo , sem horizontes...
num vôo cego, sigo adiante
por entre trigueirais loiros
aguardo o nascer do pão,
faço companhia aos besoiros
alimento corpo e alma
arranco ervas daninhas do coração
e seco as águas que os olhos entopem
dizem-me os sentidos que no fim estão,
sem perder tempo,
dou ouvidos à saudade
e grito aos sete ventos, que sou pássaro livre
dona dos meus pensamentos,
companheira da criança que em mim vive...

inventarei novo caminho que este está gasto
tanto silêncio sobre as palavras espalhei
que delas me afasto
deixar-me-ei na infância, perto das estrelas,
do agitar das folhas, das flores e amores
e no peito nem vestígio de tristeza
esquecendo do mundo a bofetada
suspensa num fio de eternidade
e a saudade no peito pousada.
verei os primeiros sinais da primavera,
os versos ressurgirão com o murmúrio
das águas, e no coração, amor à  vida
que a morte... espera!

natalia nuno