Queria ser inda menina
no balouço a balouçar
ouvir de novo os sons perdidos
e num abraço deixar-me pelo corpo
da mãe a escorregar...
Coisas tão simples... mas tamanhas
que aos outros parecem estranhas.
Queria ser inda a menina
da escola e dos laços
feliz, ou quase sempre assim foi
seus passos, hoje ao relembrar
é dor de saudade que dói.
Hora que passou, mais uma a passar,
o rio, riu e chorou e de mim ficou
com pena, quando o balouço quebrou
também eu chorei por não puder mais
balouçar...
Na oliveira suspensa,
ao sabor da ventania
balouçava horas a fio, e ali adormecia.
A saudade me traz a ânsia,
e, ao apelo da minha voz, surge um eco
à distãncia, lá longe onde tudo é sonho
agora, um sonho que se eterniza
como a água do rio que desliza
num correr que não cansa...
Enquanto isso a vida avança!
Queria ser inda menina
beijar o pai docemente
ouvi-lo chamar-me dez réis de gente,
coisas tão simples... mas tamanhas
que aos outros parecem estranhas
e a que eu chamo de «saudade»...
natalia nuno
rosafogo