sábado, 4 de fevereiro de 2012

velho poema...



Apetece-me  virar meu olhar para ti
Ver-te como da primeira vez te vi.
Apetece-me aqueles dias de amor
Do banco do jardim ao sol-pôr.
Ouvir-te juras de amor eternas
na tua voz rouca...
Apetece-me os beijos que me deixavam louca
O teu sorrir quando te chamo
e te digo que te amo.

Apetece-me, roubar à noite mais horas
Num completo sonhar de felicidade
Na minha memória moras...
A deleitar-me o gosto p'la vida com saudade.
Esqueçamos as rugas amarelecidas,
nos nossos rostos caídas.

E ainda com ânsia o amor desvendar.
E quanto mais loucura
mais ternura...
Apetece-me tocar-te, mais uma vez!
Mais uma vez te abraçar...
Tantas as vezes que amor já se fez
Que é bom lembrar o passado...
Apetece-me no presente,
este amor em mim enleado.

Apetecem-me teus lábios incendiados
Insanidade...loucura!
Tenho meus olhos cerrados
Meus sentidos a fazerem-se rogados
Na esperança da tua ternura.

rosafogo
natalia nuno















sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

AO RIO ALMONDA E À MINHA ALDEIA



Rio debruado de salgueiros
e perfumado com aroma dos loureiros
As  águas manta de sussurros
Avencas juntinho aos muros...
E p'las margens, das flores os cheiros
.Cantico de rouxinol soltavas
Na banda-de-além, ternos suspiros
Numa roda viva andavas
Como andorinhas nos seus giros.

Meus belos olhos rasgava
Nesse pequeno mundo de nascença
Agora minha memória o afaga
É o meu sentir, minha crença.

Deixa-me debruar a nada esta sede
de ti
Deixa-me lembrar o verde
que no olhar não perdi.
Deixa-me ficar no tempo morno
Que seja a minha compensação
E se um dia houver retorno
Que seja levar-te no coração.
O príncipio foste, lugar donde parti...
o final serás o lugar para chegar!
Se o tempo me tirou de ti?
O tempo me fará voltar.

Reina no coração a juventude
Na alma a saudade
Nas águas do teu açude
Gritaremos rumo à imortalidade.

rosafogo
natalia nuno

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O MEU PIANO



Em pequena tinha um piano
Só meu!
Não...não é engano!
No meu imaginário vivia
É verdade, mas ninguém sabia.
O dedilhava na perfeição
E o escondia para que ninguém
o invejasse, presurosa,
o metia no coração.

Eu sou assim!
Sou do Povo, foi do Povo que vim.
Herdei a força das águas
Sou intempestiva, sou emoção.
Herdei do sino o vozeirão.
E as mágoas?
Ai as mágoas, ninguém cala meu coração.

Nasci numa cama de milho
Sou renitente em conformar-me
Nasci filha, queriam filho
Mas não deixaram de amar-me.
Janeiro corria tranquilo
E eu nascia
com pouco mais que um quilo.

Lembro a cada passo
E volto a lembrar outra vez
Pequenos nadas que me acodem ao pensamento
De quando em vez, procuro neles alento.
Ardores da mocidade,
que abraço sem desalentar.
Ainda que a saudade
se emaranhe por mim adentro,
vou sempre recordar.
A miúda, ladina e até espertita,
a quem a mãe no cabelo punha uma fita.

E é completa a minha satisfação
Deixo até que o coração chore!
Quem sabe o amanhã não melhore?
E não alcance uma outra ocasião,
de me surpreender com a vida
e meu coração possa brandir
no olhar uma lágrima tremeluzir
Por esse sonho do piano perdido.

A vida é mesmo um desatino
Um sabor de travo azedo
Cansa qualquer peregrino
Que partiu p'la manhã... cedo.

natalia nuno
rosafogo
imagem retirada do blog imagens para decoupage

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A ÚLTIMA ROSA AMARELA


Morrem os gerâneos de frio
E morre a última rosa amarela
O meu sol era pequeno e perdi-o
Já não assenta na minha janela.
Estão agora os vidros embaciados
Já nem vejo a minha imagem
Falta-me um pouco de tudo, até coragem
E em silêncio tenho os sonhos parados.

O rosto vazio...que não responde
É a melhor imagem no espelho,
vem de longe, e seja ela quem fôr,
traz-me a mensagem
que esta estranha formosura,
 é meu rosto velho.
A rosa perde as pétalas finais
Se as olham...já não vê!
Se lhe falam...já não ouve!
Adormecida em seu aroma,
 já só crê!
Que a sorte foi esta a que lhe coube.

Deixa sobre a memória cair
O pó que a vai apagando
Ninguém lhe pergunte p'lo destino
o passado, o presente e o que há-de vir
Deixem-na apenas recordando.

rosafogo
natalia nuno

domingo, 29 de janeiro de 2012

O PERPETUAR DA MAGIA

H. Zabateri

O cinzento chumbo alastra no céu
Flores olham desesperadas nas varandas
E em mim a obstinação da lembrança
A recordação dos cabelos ao léu
p'la ventania...
O descanso do sono de criança,
o riso duma flor que se abria.
Os olhos em descanso
sobre as águas do rio manso.
Na contemplação do que havia
de vir.

Lembranças doces, pacatas,
nestes  poemas perdidos.
É agora o céu vestido de cinzentos pratas,
a mergulhar em cada um dos meus sentidos.
Tudo está presente,
nos olhos, ouvidos e no coração,
que sente.
Abraço cada momento de vida
Minutos, horas, às vezes de solidão,
sómente.

Fecham-se os olhos do pensamento
Fico em mim e em liberdade,
esqueço o cansaço do corpo e o desalento,
E avanço clandestina na saudade.

Meus sonhos ficam na esperança,
nem sei de quê!
Enquanto cai uma chuva miudinha,
o pensamento se evade.
Meus olhos são como um lago
Fico sem saber o porquê,
desta saudade,
minha...

natalia nuno
rosafogo
imagem do blog para decoupage