às vezes aborreço-me de existir
nem sei como explicar
nem como agir, tento me iludir
mas pior ainda é o sonho pronto a abalar.
às vezes fico assim a noite inteira
fecho os olhos, mas dormir não há maneira
sempre os mesmos pensamentos,
a boca a bocejar e, há momentos
que penso que não soube ser
como era meu querer.
às vezes abro a boca de espanto
por qualquer alegria nova
de novo encontro o encanto
e a alma se renova.
às vezes para descansar os passos,
sento-me e pergunto-me só por perguntar,
- lembras-te da menina dos laços?
enterneço-me e deixo-me a sonhar.
às vezes tento inexistir
trago um rio em mim que me turva o coração
passo o tempo a pedir ao pensamento
um pouco de arrumação.
natalia nuno
rosafogo