palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 8 de fevereiro de 2014
palavra sem sabedoria...
minhas palavras não têm sabedoria
palavras velhas quase sem memória
encandeiam-me os olhos no dia a dia
à memória, à vida fazem dedicatória
palavras que lacrimejam de comoção
vindas lá da corrente do pensamento
incendeiam os versos rasgam o coração
e fazem das minhas mãos instrumento
são elas que os meus sonhos sustentam
vêm e vão com toda a força da ventania
são dum tempo sem tempo, se lamentam
falam das lembranças cingidas ao peito
da saudade e morte que o coração adia
são brasas acesas em verso imperfeito
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
as paredes de minha casa...
Agora sei do meu lugar
depois de tanta recordação amontoada
dos sonhos que trago do alvorar
da palavra espantada, exaltada
do fio do meu pranto
sei do meu lugar.
Este lugar de vã canseira
onde as mãos não param de se agitar
onde surge a palavra desesperada
e os primeiros esquecimentos,
aqui é o meu lugar
antes que tarde seja
aqui deixo meus pensamentos.
Este é o meu lugar
onde ressuscito memórias
e conto meus dias no mundo
nada, nada depois que a vida acabar
eu posso como agora procurar
no meu eu mais profundo
aqui, agora é meu lugar
Esta mão que escreve sabe
que este é o seu tempo e seu lugar
até os olhos terem vida
e enquanto a morte apenas farejar
este é o meu lugar
onde me deixarei adormecida.
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
um poema atrás do outro
Reuni coragem
deixei de implorar, de chorar
não vou deixar de lutar
até ao fim
se a morte me aguardar
pois que aguarde...
Ter medo não faz mal
ter medo é tão natural,
o coração bate no peito
como pássaro preso numa gaiola
mas eu não peço esmola
hei-de morrer com dignidade
todos morremos mais cedo
ou mais tarde
essa é que é a verdade.
O entrechocar de ideias
me revigora
às vezes preciso duma oração
um poema atrás do outro
até chegar a hora.
Às vezes também me estremece a mão
quem sabe se este dia é o último?
Em remoinhos de vento
trago o pensamento
como uma tempestade
onde se precipita a saudade.
Seja até que Deus quiser
a vida é como o vento de nortada
com a força que me levará cansada
ofegante, a morte aproveitará
o instante.
natalia nuno
rosafogo
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