chora a árvore, cai a chuva no ramo
choro eu quando a saudade
leva pra longe, quem amo.
silenciosamente como agora,
de coração partido,
uma lágrima se quebra no vidro,
nesta hora, minha vidraça comovida
dá conta da tua partida.
espero por ti, até as árvores terem
folhas douradas,
até serem p'lo vento levadas e,
minhas memórias misturadas.
e numa tempestade de emoção
dobram-se sentimentos em amarga solidão.
há palavras não ditas em agonia
palavras perdidas cheias de amargor
na mente giram pensamentos
e eu espero temporadas, por ti, amor.
se minhas noites não se aquietarem
meu coração quebrará em pedaços
não haverá noite enluarada
enquanto não me sentir em teus braços.
quero ter-te no meu sorriso
ter teus olhos olhando os meus
é tudo quanto preciso
para sentir-me de novo menina.
suspirar e, cair como uma estrela do céu
deixar que tua voz ressoe como um sino
e tocar o sonho meu,
o de voltar a sentir-te menino.
natalia nuno
rosafogo
este poema levou anos para sair
da sebenta.
02/1995