sábado, 7 de outubro de 2023

dia após dia...



é outono, 
e eu sonho repetido
como sonha o vento,
do fundo da memória
volta o já vivido,
como outrora te invento
há folhas caídas à nossa porta
e a viagem quase um lamento
minhas mãos vazias
sinto-me morta,
há vontade de durar,
a vida persiste
mas a fragilidade do corpo
existe...

vou pespontando sonhos
entrelaço-os no peito
a esperança veste-se de menina
e assim deste jeito
continuo a amar-te
é minha sina.

há momentos de esquecimento
e há sempre a dor do dia
não quero  que olhes minha tristeza
tuas horas, sejam azuis de harmonia

tenhamos o desejo
de começar amanhã
começar novamente com optimismo,
amando a vida
e eu cismo!
assim será eternamente
até que a tenhamos perdida.

natalia nuno

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

há sempre um retorno...

há sempre um caminho
para quem sonha, mesmo no entardecer
da vida
silenciosa passa por mim a saudade
e passam os dias sem piedade,
por vezes me sinto perdida.

trago memórias guardadas
com carinho
sacio-me nelas com sede infinita,
emoções intensas no peito guardadas
são a saudade que em mim grita

dias cinzentos, sem lamentos
sempre na busca da felicidade
a vida tanta vez é tempestade
que parece um jogo de ser e não ser,
um sabor amargo que deixa
parece nada ter para oferecer

sem queixa
olho a luz que volta a nascer
e novos caminhos me oferece
envolvo-me em esperança
pronta a abraçar meu corpo sobressaltado
a força vem-me do passado
que me conhece.

esqueço o meu fundo triste
ainda o sonho em mim  existe.

natalia nuno
rosafogo
imagem do pinterest






domingo, 1 de outubro de 2023

dourados de outono...





vêm aí dourados de outono
são nostalgia fumegando
e uma nuvem viajante transbordando
traz lágrimas à porfia.
explosões de cores,
flores, já de luz cerrada,
morrem e nascem amores
fruto de paixões de verão
que se vão, pela calada.
tudo se perde num instante
caem folhas ao chão
ficam sonhos ermos e indefesos
passa a estação, passam os dias
já nada nos deixa surpresos

abre-se o céu em choro
perde o singular azul,
veste-se de inverno, tule cinza,

imploro esperança!

quando algo turvo ferve na memória
em delírios a vida esvazia,
quero rir, como só ri a criança,
por mais um dia!
o peito vai-se abrindo
numa fervente ternura, 
e eu à vida brindo.

natalia nuno
rosafogo
imagens pinterest.