há flores que ressurgem sempre
numa manhã de primavera
e há odores de frutos amadurecidos
à espera de serem colhidos
no olhar, uma luz que passa
e não volta mais,
e hora a hora, a morte nos espreita
e um não, não aceita.
nesta tarde que é apenas a tarde
de mais um dia,
não há rosto que sorria.
como vai longa a distância
nem é sábado, nem domingo
visto roupa adomingada,
dou comigo, indo à oração
logo a lua prateada
me leva p'la mão...
meu sonho enlaçado no nada
diz-se de boca em boca
que voltei!
o querer faz acontecer
e eu, leve como a aragem
estou em casa de novo,
volto a ser, a menina do povo.
natalia nuno
rosafogo