quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

o amor que me coube...





como a fome que tenho de viver
igual a tanto d' amor que me coube
é com a mesma que procuro saber
se foi bastante, e a tanto me soube
 
deixo resvalar o  meu pensamento
seja como um mar que nunca acaba
um mar calmo, ou um mar violento
ou sede cinzenta q' em mim desaba

vou caindo no charco da solidão
trago a dor que não pude escolher
dor vai e volta, e não esquece não
é pedra alojada no coração a doer

a vida adormece mas ainda aguarda
procura ainda o sol com intensidade
que o amor adormece  não tarda
tão perto, quanto longe, vira saudade.

natalia nuno

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

o inverno é novidade...



parti para longe de mim,
naquele instante, que me dói
lembrar
meu sonho ficou mudo
foi o fim de tudo!
vil inverno, inimigo a chegar

quando o destino nos tortura
quando o ocaso nos abandona
quando as noites já não trazem doçura
a loucura, é dor dum grande vazio
solidão onde cresce o frio

parti para longe de mim
quando a vida me agrediu
agora na solidão me vejo assim
e olho-me,
como alguém que nunca se viu

varro minhas folhas secas
deste outono que de mim se despede
o inverno é novidade
deixo soltar a saudade
da vida, que foi ensaio breve

esqueço os sonhos que almejei
nada me devolve a imagem perdida
sou uma sombra
em busca de mim mesmo
assim é, o vazio entediante da vida.

natalia nuno
imagem pinterest

domingo, 9 de fevereiro de 2025

sombra duma sombra...

 



de costas viradas aos sonhos
relembro instantes amargos
e esqueço os dias risonhos

remendo meus olhos tristes
rio, choro meu olhar torvo
e nem comigo estou de acordo

vou caindo, sempre caindo
como uma pedra no charco
assim vou levando meu barco

despertam sombras no espelho
desgastando-me a cada olhar
olho-as até, a dignidade me deixar

quando a dor persistente me traz
que a memória dos dias é nada
na garganta do tempo sinto-me parada

não me chegam já as palavras
com que me possa refugiar no poema
voltarei noutra vida com outro tema

sou forte como as raízes do vento
caminho com a morte à espreita
não sei quanto tempo!? mas aguento!

natália nuno