sábado, 11 de janeiro de 2025

a minha força...



só em ti força minha
me liberto da amargura, 
ninguém mais adivinha
como nos meus dias
é sempre noite escura.

que se instala com raízes
e abalroa meu amanhecer
apoquenta meu sentir
até quase enlouquecer!

rodeia-me o mundo desolado
penosos são os sonhos
resta um... e anda extraviado!

na memória vozes de mar
pesadelos, donde não posso escapar.

horas vacilantes
onde a dor cresce densa
querendo tirar-me a força
a todos os instantes,
grudando com insistência.

fico só com meu destino
por entre a noite e a insónia
as sombras são uma ameaça,
o pensamento um peregrino
até ao último alento!?
dia a dia a morte me abraça

determinada e livre,
caminho passo a passo
enquanto o coração vive
ou chegue a ele o cansaço.

natalia nuno
rosafogo



quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

presente sem retorno...

lágrimas que são tão finas
caídas quase em torrente
caem dos olhos cristalinas
dói o coração que as sente

voltam à tona as tristezas
na madrugada molhada
e são tantas as incertezas
que da vida sigo cansada

não há pra mim surpresas
nem oásis onde descansar
foi-se o sabor das certezas
deu-se o colapso de amar

minha voz já não vai longe
apagada em nuvem ardente
silenciosa como a do monge
q' em silêncio reza p'la gente

meus sonhos são incolores
escuto o mente e o coração
onde vivem restos d' amores
sobre o crepúsculo do verão

natalia nuno

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

ouso libertar-me...





os poemas florescem,
nem sempre bons, nem sempre maus
transbordam de sentimentos
galgam distâncias como naus
sorriem em meu olhar
que pouco sabe de maldade
nele mora pra sempre a saudade

poemas são entradas de luz
são claridade
são como um grito vindo do vazio
forças oceânicas trepidantes de saudade
são fogo que cruza o horizonte
instante arrebatado, sonho e realidade

poemas são velas para a aventura
deixam o pensamento inundado
e o sorriso ébrio de ternura

palavras num instante arrebatadas
nesta já longa caminhada de
sombras, e ansiedades irmanadas.

natalia nuno







vaivém de sombras...



leve e fugaz inspiração
e a saudade que não me sabe
aquietar
sempre uma tenaz obsessão
a de continuar...

as horas caindo
e eu ainda nesta lentidão
que vai para além da vida
de consciência adormecida
cega à maldade do mundo

esta pausa faz-me esquecer a mágoa
por perder a esperança...
deixo-me entre os aromas das flores
como quando era criança

entre a luz da tarde 
e o mágico fulgor da poesia,
face ao horror e à violência
deixo adormecida a consciência
no meu coração um oásis
de esperança
vai vibrando fundo

aguardando, a paz volte ao mundo.

natalia nuno