sábado, 8 de julho de 2017

a saudade me dói....




longos dias... correndo vão!
solitária vai a m’ alma magoada
em luta a mente e o coração
e neles a tua imagem gravada
nas horas vagas minha vida se evade
fico rio solto no mar
deixo-me numa aparente imobilidade
sonhando com beijos que me dás
e eu te vou dar…
em certos momentos nada te digo
sonho um tempo que me afaga
- que é agora nosso inimigo
trago saudade no peito ancorada
do tempo
por nós vivido...
escuto a noite numa solidão sem par
apoio o ouvido na almofada
sou de novo esse rio solto no mar
ziguezagueando p´lo teu corpo
sentindo-me amada
e tu és o meu mar de água cálida
que me chega à cintura
e com leveza teus lábios me beijam
com ternura…
fica meu coração toldado
abre-se a noite e perdura
sabendo que estás do outro lado
deste sonho por mim sonhado
e que tão pouco tempo dura
já meio morrendo vamos!
mas sempre no meu sonho te ergues
e eu sempre posso alcançar-te… e amar-te
já me assalta a aurora
já a noite se foi
sou o vazio agora
e a saudade me dói.

natalia nuno
rosafogo





quinta-feira, 6 de julho de 2017

calo a desdita



este tempo que me prende
este querer e não querer
esta monotonia que ninguém entende
esta noite no meu ser...
deixo morrer os dias,
sem que eu de ti palavras diga
já que a saudade de ti
a sofrer me obriga

calo a desdita
são coisas do passado, mas ainda
vivem em mim
perdido, reencontrado, o amor ainda grita

e toca-me pela doçura que recordo
sem fim...

um doce momento me consolará
seja qual fôr o tempo e o lugar
e o sonho embora lento há-de chegar
e assim vivo um dia mais
sempre em mim uma rosa florescerá
à minha volta uma solidão invulgar
escuto o silêncio, e só um pensamento tenho
nesta minha noite sem aurora
lembrar-te e lembrar de onde venho
eu que fui um dia amor...
que sou agora?!

natalia nuno
rosafogo


quarta-feira, 5 de julho de 2017

nasceu de mim...



nasceu de mim este poema
da saudade que trago agasalhada
encontrou cantinho no meu peito
e logo espreitou o tema
chave de ouro, a saudade ali fechada.
na solidão por ali ficou
esperando a luz do outono,
e com fino gume gravou
... do meu coração seria dono

ficou-se ali a ver o tempo a bater-me no
peito,
esse tempo sem jeito
que o coração dilata
que me põe o cabelo cor de prata
e q' eu não sei entender
mas que é tempo do meu viver

nasceu de mim este poema
numa manhã morna
e orvalhada,
viveu fugaz eternidade
e adormeceu na saudade
quando me sentiu mitigada
agora, afago as palavras
ponho um sorriso no rosto
este rosto que  o tempo silenciou
dia após dia,
num anónimo viver,
e nos meus olhos
de maresia,
sinto-me à morte... a ceder.

natalia nuno
rosafogo