domingo, 15 de setembro de 2019

nada é para sempre...



nada é para sempre............sabemos mas fazemos que ignoramos assim, desta maneira simples, como se transformássemos a verdade em mentira, ignorando, como se fôssemos crianças correndo em alvoroço sobre dias iluminados recordando a vida em seu ar distante, ou como se hoje fosse o primeiro dia que nos levará à felicidade dos tempos...

natalia nuno

rosafogo

pequena prosa poética...


fico à espera que o vento me encha as velas de coragem, que retire as nuvens da tempestade, me deixe a mente tranquila e o coração corajoso, e no meu âmago uma fonte de doçura para poder navegar no meu quotidiano em paz...neste rio infinito que um dia me canta uma canção melodiosa e noutro me deixa a alma inquieta, rendida e numa situação dolorosa...fico a flutuar à tona, e quase parece que a vida me abandona... marés infinitas e eu presa nas ondas deste tempo morto, onde só o vento rumoreja e um pássaro canta uma estranha canção triste e melancólica na minha mente atulhada de pensamentos...embrenhada, esqueço a sordidez do mundo e, amanhã voltarei a renascer das cinzas...

natalia nuno

rosafogo

pequena prosa poética...



as manhãs sabem sempre a fruta e a vida vai fluindo, o dia me acolhe logo que o sol paralisa em frente à minha janela, enquanto isso, vou queimando todos os meus tempos a procurar a força que ainda me é precisa....para ser feliz recordo, dirijo o pensamento para novas distâncias para lá do horizonte, sonho como se fosse audaz primavera o tempo q' inda me resta...
levo os passos encaminhados e palavras que me bastam mesmo à medida do meu caminho, levo também tudo o que sonhei, e engendro sonhos futuros lá pelos riachos da tarde... não levo pressa, mas, o meu olhar voa com a audácia dum relâmpago antes que o tempo o feche de vez e tenha de chorar a vida...a noite não tarda envolta num silêncio macio, as quimeras fogem-me envergonhadas a vida fica submersa na solidão...e o tempo range detido nos meus olhos...

natalia nuno

pequena prosa poética...



levava laranjas nas mãos, os sóis giravam à sua volta e perguntavam-lhe: quem és tu?
- sou apenas um sonho, um leve sonho solto no esplendor da manhã, ando pela casa onde nasci, ouço um rumor de pétalas caídas das ramagens, sonâmbulas, tristes pelo chão, também sussuros de quem adormeceu para sempre, mas sua alma navega ainda por cá junto à luz sombria dos loureiros...com o vôo livre deixo-me ir até onde mora a brisa, fico despida e inconsciente entre as madressilvas, alfazemas, e a ternura das giestas... ouço ao longe os trinados de pássaros anónimos que podem ser cotovias, rouxinóis pardais ou outros mais, e eu escuto-os no espaço azul da minha memória onde se enraíza o resplendor da esperança que ainda me cabe...é árida a realidade por isso sou apenas sonho, sonho e saudade e tudo que vivi e amei, solto agora com palavras velhas estas memórias atadas, enquanto não surge o caos e a confusão e venha calar a minha mão....

natalia nuno
rosafogo

silêncio...



surjo do outro lado do silêncio
trago trémulas as palavras
que dormiam no meu sossegado esquecimento,
são agora rouxinol chilreando na memória
acometidas por louco vento,
encaminho-as com a mão
acarinho-as com o coração
e estendo o silêncio, 
velando as que sobraram.
natalianuno
(rabiscos)