terça-feira, 12 de novembro de 2024

umas linhas d' outono...


e como a vida foge
surgem nuvens cegando
o nosso bem estar
um vento forte
na fronteira com a morte

contemplo o silêncio que me
envolve
sinto o desamparo em frágeis
instantes
um navio perdido entre a bruma
uma vida com tudo, e sem coisa
alguma

mistério de sonhos invictos
absurda miragem do que não alcancei
e um dia quis
um porto seguro onde ser feliz

felicidade
é clara e anunciadora
dum azul céu
mas pouco duradoura,
surge a solidão, inverno
que não termina,

sonhos, eu tenho desde menina!

sou como tarde declinante
que entra em escuridão
range o tempo e o tédio
fazem moradia no coração

um dia voltarei pela sombra
azul do arvoredo
a sentir-me-ei alegre e redimida
então rirei
do segredo celeste da vida.

natalia nuno

domingo, 10 de novembro de 2024

sonhar, distanciar a pressa...



um sonho vem à mente,
como uma tristeza que surge
do outono, ou ditosa luz de verão
e descarrega na gente, então
um fardo de lembranças 

abraça-se uma a uma
com olhos d'água
palavras, poucas ou nenhuma
precipita-se em nós a mágoa

a saudade senta-se 
ao nosso lado,
como dona, entra em casa
e faz estadia,
trazendo com ela 
um fardo de nostalgia
e a ventura que foi nossa um dia

o amor vive enquanto queima
abre-se um sorriso de esperança
o coração teima,
ganha-se um pouco de alento
e ousa-se agarrar o sonho
mesmo de rosto já macilento.

o coração vive enquanto bate
esquecer a ventura que é sonhar?

não!
minha alma absorta...
distancio a pressa
- nem que o poema
tenha de rasgar!

natalia nuno
rosafogo
imagem pintarest