palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
PARA ALÉM DO TEMPO
PARA ALÉM DO TEMPO
À Vida me agarrei por mais um dia
Contei segredos ao travesseiro
Chega a tarde e me põe sombria
A sós com lembranças d'algum dia
E o passado na memória por inteiro.
A fazer-me lembrar mais um ano
Perversa a Vida, me leva ao engano.
Sempre igual parecendo diferente
E sempre o sonho morrendo com a gente.
Quando tudo parece a chegar ao fim
Há uma raiz que não desprende
Um pressentimento d'outro tempo em mim
O acolher dum sonho que ninguém mais entende.
E é como se meu corpo de novo se tivesse erguido
Liberto do tempo e da idade
E em minhas palavras um sonho estremecido
Este sentimento que em mim se aninha a SAUDADE.
natalia nuno
rosafogo
QUIMERAS
Guardei os sapatos de cetim
E o vestido de levar ao baile
Juntei-lhe perfume de jasmim
Ficou na memória o xaile
Pobre do xaile e de mim!
Desvanecem-se os pormenores
A saudade é tudo o que resta
Dos bordados e bastidores
Dos meus primeiros amores
Quando a Vida era uma festa.
O futuro é corredor escuro
E o amor fogo que ardeu
E não há nada mais duro
Que na Vida o que se perdeu
Vejo-me ao espelho não sou eu
Já nem sei o que procuro.
Olhos às nuvens erguidos
Lembram mãos que se apertavam
Lembram os beijos furtivos
Os abraços que se davam
Cartas escritas se rasgavam
Mas já esqueci os motivos.
Tenho que dar ordem à Vida
O tempo é quem tem a culpa
De me trazer esquecida
Sem sequer me pedir desculpa.
Dor sem peso nem medida.
Tardava em adormecer
Amar era um trinta e um
Mas pior era não ter
Na vida amor nenhum.
Que importa!?Que me importa!?
O que lá vai é esquecimento
Trago a viagem já morta
Promessas leva-as o vento.
rosafogo
natalai nuno
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
QUE IMPORTA SE O INVERNO CHEGOU?
QUE IMPORTA SE O INVERNO CHEGOU?
Que importa se o Inverno chegou?
A Vida foi ontem mas também é agora
Que importa se o tempo passou?
Há sempre tempo para amar também nesta hora!
Há muita esperança em mim a acender
Ainda quero voar na largueza do céu
Das palavras minhas asas fazer
E voar neste sentir que Deus me deu.
Quero levar longe meu olhar de menina
Fazer do meu coração seara de trigo
Com papoilas rubras rompendo na neblina
Levar minha saudade e meu sonho comigo.
Nesta viagem onde é rainha a saudade
Levo também toda a vontade de viver
Hoje mora em mim a claridade
E sinto cá dentro o sangue ainda a bater.
Caminho de braço dado com a vida
Há muito que ficou para trás a Primavera
Me sangra ainda no peito me deixou ferida
Mas é o Outono que em segredo me desespera.
E neste Outono da vida que se colhe também
Toda a essência que em tempo se semeou
Se a Vida é o nosso maior bem
Que importa se o Inverno já chegou?
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 16 de novembro de 2010
JÁ NÃO CHORAM OS MEUS OLHOS
JÁ NÃO CHORAM OS MEUS OLHOS
Meus dedos o lenço seco amassam
Pois o choro, já aos olhos não vem
Nasçam as rugas nasçam!
Já não choram meus olhos por ninguém.
Andam caídos em agonia
Às vezes se esforçam por chorar
O rosto se contrai perdeu luz que esplendia
E meus dedos continuam a amassar.
Dentro dos meus pensamentos moram
Aqueles que tanto amei
Por eles sim, meus olhos choram
A saudade que no coração guardei.
A saudade às vezes
Me vence de tão severa
Conspira por me esmagar
Nas asas do pensamento trago a quimera
Por ela me deixo enfeitiçar.
Quero pensar claro e tudo é nevoento
Como se caminhasse no fundo do mar
Onde tudo é abafado, cinzento
Carrego meus olhos tristes,
toldado o olhar.
Já só quero os pensamentos aquietar
Ultrapassar qualquer amarga sensação
Quero as lágrimas de volta,
Preciso de chorar!?
Para acalmar este tonto coração.
rosafogo
natalia nuno
HÁ QUE GANHAR E PERDER
Há que ganhar e perder...
Meu coração bate como se milagre se desse
E se eu voltasse ao dia da partida?!
E se voltasse atrás completamente?!
Ao vento selvagem que no rosto me batesse?!
Rever tudo o que ficou no coração silencioso.
A praça, o fontanário, o casario,
O rio, só ele murmurava, ele sómente!
É como estar em vésperas duma alegria desconhecida.
E tudo o resto se apagar da mente.
Esta ideia que me faz viver e palpitar
Num desejo de irreprimível felicidade
Ah, como fico ensurdecida pelo bater do coração
Fica-me um sorriso na cara, há uma razão!
Hoje só os meus pensamentos falam
Numa ansia louca de libertação
Não querem perder o fio à meada!
Deixar-me tranquilamente envelhecer? Nunca!
Ficar completamente grisalha? Nunca!
São momentos de loucura, não tentem entender.
Ficar com o olhar triste, a palavra em fallha?!
Bastam os anos perdidos!
As mãos que já não conheço!
Chega de sinais do tempo que me despedaçam
Quero de volta todos os sentidos!
O esquecimento? Não obrigada.
Deixem-me tranquila nesta minha maneira de ser
Deixem-me a sós com a poesia amada.
Logo se vê na luta tudo pode acontecer
Há que ganhar e perder...
Por agora quero apenas sonhar, viver.
natalia nuno
rosafogo
A MINHA MUSA
A MINHA MUSA
É minha musa a saudade
Por causa dela chorei
E logo depois mais tarde
Tive saudade e cantei.
Nostalgia me afaga a vida
Deixa embalar na esperança
Lembro a infância querida
E o riso solto de criança.
É minha musa a saudade
Tive saudade e cantei
E logo depois mais tarde
Por causa dela chorei.
Saudade da Mocidade
Saudade que não sarei
Na madureza da idade?!
Só a saudade cantarei.
Saudade exala o perfume
Das folhas do madrugar
Ela ouve meu queixume
Faz-me rir, faz-me chorar.
Na noite a saudade vem
Prende-se no meu cabelo
Eu e ela e mais ninguém
Sabe que ardo no seu gelo.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
HORAS CONSUMIDAS
HORAS CONSUMIDAS
O que tinha p'ra chorar
Por algum motivo cansei
Bate o coração sem parar
Feito em cacos em que o quebrei.
Hoje me esqueço, fico tolhida
Sou até espantalho ao vento
Lembro meu princípio de vida
Com o fim próximo me lamento.
Das estrelas que há no céu
Morre uma de quando em quando
Vou morrendo também eu
Ou a vida me vai deixando.
Reina o desassossego no coração
Tenho nos braços a noite inteira
Vivo com ela em comunhão
E a poesia é nossa cegueira.
Com tantas horas passadas
O meu viver é já uma lenda
Exausta das caminhadas
E de não ter quem me entenda.
Já trago a dor a aflorar
Na minha alma gelada
E no pensamento o ressoar
Duma vida quase acabada.
Ponho o resto da coragem
Neste poema que ninguém lê
Levo no rosto a passagem
Já vou longe e ninguém crê.
E nesta imensa descida
O vendaval deflagrou
Minha hora está consumida
E o Sol ainda mal despontou.
Tudo me parece tão pouco
Se a Vida é isto tudo!?
Trago o pensamento louco
E o coração já mudo.
A solidão me embala!
E a saudade me chama!?
Mas a vida já me abala
Me envolvendo em sua trama.
rosafogo
natalia nuno
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