palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 24 de março de 2012
SILÊNCIO EMPEDERNIDO
Há um silêncio impedernido
Moendo-me de saudade
De tudo que me foi querido
E fez minha felicidade.
Saudade que é erva daninha
Lembrança que faz doer
Mas que é minha....minha!
E que não quero esquecer.
Dor que não vai cicatrizar
E nem sei onde me vai levar!
Lembranças que passam em procissão
Neste silêncio entardecido
Lembranças que só calarão
Depois de ter morrido.
Minhas ideias se inquietam
São como cortina rasgada
A vida é pouca...muito pouca
quase nada...
Muda de cor a cada momento
Mais tarde ficarei só,
com o esquecimento.
Tão só,
que nem a saudade vem,
ninguém me espera mais além.
Ninguém...ninguém!
Trago as horas cansadas
O gesto tolhido,
palavras, as mais das vezes
desencontradas.
Neste silêncio impedernido.
Apenas sei que sou
A lembrança que em mim cabe
Para onde vou?
Sei que apenas Deus sabe.
rosafogo
natalia nuno
sexta-feira, 23 de março de 2012
GOTAS DE ORVALHO
Gotas de orvalho pousam na folhagem
Despontam os primeiros rebentos
Vem à memória a imagem
Da primavera doutros tempos.
A primavera da minha infância
essa que nunca esqueci
nem sei se de lá parti.
O céu azul, o rio corria
O cheiro da terra, o cheiro do pão
Os pássaros cantando terna melodia
E eu ali, raio de sol no meu chão.
Rouba-me o sono esta lembrança
Chega a doer esta visão
De me sentir vivamente criança
De arco na mão
Ali na minha terra quente
Onde aprendi a ser gente.
A sombra sobre mim cai...
E a vida já se esvai...
natalia nuno
rosafogo
Despontam os primeiros rebentos
Vem à memória a imagem
Da primavera doutros tempos.
A primavera da minha infância
essa que nunca esqueci
nem sei se de lá parti.
O céu azul, o rio corria
O cheiro da terra, o cheiro do pão
Os pássaros cantando terna melodia
E eu ali, raio de sol no meu chão.
Rouba-me o sono esta lembrança
Chega a doer esta visão
De me sentir vivamente criança
De arco na mão
Ali na minha terra quente
Onde aprendi a ser gente.
A sombra sobre mim cai...
E a vida já se esvai...
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 21 de março de 2012
SONHO INACABADO
Nem a esperança incendeia já
a vida
Agora que tudo se distancia,
desvanecendo-se na lembrança
perdida...
A mente entrançada em alquimia.
Resgato a saudade do esquecimento,
da solidão derradeira.
Passos desolados... desalento!
Olhos pendurados
Sem eira nem beira.
A esperança é um grito no vazio
Perdido o sorriso, o olhar frio.
Mas é grato recordar
Puder do tempo o pulso apalpar
Não deixar o sonho quebrar
Suster a angústia , docemente respirar
Pois toda a vida foi apenas esperar.
Cruzam-se na memória momentos
partilhados
Meu pai, minha mãe calados,
da vida cansados...derrotados
de tanta canseira.
E eu os olhava, e, amava.
ali, sentada à sua beira.
Estranha é a vida, inquietante
passageira
Sei que nada posso...como tê los de novo
à minha beira.?!
O corpo se afunda a noite já desce
O tempo me acolhe, mas a memória
já esquece.
A esperança surge sem esplendor
Vou caindo, levantando,
desbravando em luta
contra o esquecimento.
A luz separa a noite do dia
E outro sonho já se anuncia.
Sonho que é meu abrigo e
a trave do meu pensamento.
Sonho inacabado...
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 19 de março de 2012
EU E O TEMPO
Encerro dentro das palavras
o meu sentir,
esquecida de mim e de tudo.
Olho o horizonte a esbater-se
em cores abrasadas.
Outros amanhãs hão-de vir,
e outros mais hão-de querer-se.
O tempo e eu seguimos de mãos dadas.
Eu e o tempo
Estamos sós abrigados do vento,
com a vida imterrompida
O tempo porque não chove...
E eu com os dedos parados,
nada os demove.
Ninguém responde às minhas interrogações,
dúvidas e incertezas
Como se o tempo e o viver
fossem as únicas soluções!
Este tempo onde parece não haver nada
Onde tanta coisa se passa,
decepções, guerras, fome, desgraça...
E a minha mão escreve gelada...!
Tremendo, num jeito de ansiedade,
segurando a saudade,
que cresce em redor de mim.
Assim:
Como gotas de orvalho
em folhas de alfazema
da longínqua infância do meu
primeiro poema.
rosafogo
natalia nuno
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