deixa-me o sabor da tua boca, acaricia meu rosto fatigado na tarde lenta em que as minhas mãos tecem palavras de loucura, como se rezassem!...olha-me com espanto, como se eu continuasse a ser o teu encanto, nua ou vestida percorre a minha pele, poro a poro, afunda-me no teu peito com aquele jeito, com que eu sempre coro...não me deixes neste silêncio estranho, ou no vendaval onde me dobro para não quebrar, o tempo cruzou-se comigo nestas longas caminhadas pejadas de partidas e chegadas, deixou sinais que não posso esquecer e restos de esperanças que quero reter...há lembranças que se vão desvanecendo tal como a tarde, percorre-me o sonho na claridade do teu olhar, onde a felicidade e a ternura são canção de embalar...os meus dedos de menina escrevem umas linhas de amor, e nas tuas mãos, esconde-se a lua vestida a rigor...
palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sábado, 24 de outubro de 2020
lembranças...
Hoje lembrei a adolescente que conservo na lembrança com comovido afecto, e recordei-a feliz e descontraída, no seu sapato alto e saia reduzida. Orgulhosa da sua aldeia e da sua gente que apesar de pobre , era rica de sentimentos, sendo eles que deram sentido e esperança ao desabrochar desta adolescente. Hoje, lembrei também dos rapazes de mãos rudes e palavras desajeitadas e dos bailes onde sonhava ser princesa sem castelo. Há diariamente uma história que conto a mim própria que jorra desta fonte que é meu passado, ora alegre ora sombria mas sempre viva. A aldeia e eu seduzimo-nos mútuamente, há recordações que acarinho e evoco nas minhas horas sombrias e assim me vou distanciando, sentindo-me agora um ponto ínfimo no fim da caminhada. Devora-me o tempo, só a Poesia me reconforta e a memória é ainda guardiã do arquivo onde guardo recordações.
natalia nuno
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
tempo impalpável...
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
apronto meus passos...
domingo, 18 de outubro de 2020
já se perdem minhas folhas...
já se perdem minhas folhas, neste outono tardio assoladas pelo vento da saudade... hoje ouvi as harpas do canavial, e recuperei o sorriso, subitamente vieram-me as lembranças às águas da memória, e de lembrança em lembrança voei caindo no silêncio...sento-me no chão, sou agora um vaso quase vazio onde repousam flores sem vida... e a borboleta que voeja na desordem da minha folhagem caída, pergunta-me: que fizeste da vida? fico-me silenciosa, e olho a minha triste caligrafia, as palavras caem da boca como frutos maduros, e as sílabas já não querem mais voar...é nas linhas tracejadas que me encontro de partida e as flores reinventadas, já não esperam primaveras...
natalia nuno(rosafogo)
imagem pintarest
meu mar...
vim ao mar segredar,
tudo ouviu da minha boca,
beijou-me os pés veio me saudar
achou minha saudade louca.
vi-me nos seus olhos de prata a brilhar...
mostrou-me seu rosto risonho
e no seu vestir de azul rendilhado
portou-se como se fosse meu amado
veio até mim se espraiar,
perdida no seu encanto esqueci até a solidão,
e ao segredar-lhe da vida e do meu desencanto,
confortou-me o coração.
apressou-se a beijar-me a mão
e assim escrevi este poema tão nosso,
poema de veemente paixão!
mas logo meu sonho deu à costa,
enfrentei a realidade, um outro mar,
tantas vezes tempestade, dor e saudade.
natalia nuno