quinta-feira, 8 de setembro de 2022

já nada importa...



presa na garganta do tempo
onde as vielas são estreitinhas,
e a morte está à minha espreita,
só as certezas são minhas
a vida nunca foi perfeita.
e a noite que não acaba!?
e a última esperança que desaba.
a dor em crescente a germinar
é tempestade que é glaciar.
difícil é o aguentar das horas vazias
da solidão que enche a mente e o coração.

já não importa o tacto das flores
nem o riso da água
importa sim esta mágoa!
que desfaz o coração
sem que nada entenda,
surge o frio da vida, 
a fadiga,
deste tempo sem emenda,
e eu, tão perto de mim e tão perdida,
nesta estranha imobilidade
presa entre as paredes da vida
apenas ouvindo o eco da saudade.
meu corpo já sem sono
corpo de séculos, esquecido,
grita o coração ao abandono
em oscilante ondulação...perdido!

natalia nuno
rosafogo





quarta-feira, 7 de setembro de 2022

caminhante...



por amar intensamente
não dei pelo tempo a passar
e a vida correndo lentamente
esqueceu-se de me avisar
tem vindo de mal a pior
voando como estorninho,
e há-de vir um mal maior
de súbito,
a travar-me o caminho.

natalia nuno
pequenos poemas
do meu blog impalpável silêncio

romance...



este fogo que se acende

e que tanto me prende

traz ainda o sabor do beijo
da primeira vez,
e o desejo aperta
sem quês, nem porquês
na altura certa!
logo a ternura
está ao nosso alcance
e assim continua o nosso romance.



natalia nuno
pequenos poemas 
do meu blog impálpavel silêncio

estremecimento...



trago as mãos agitadas
os dedos querendo libertar-se
o coração a cansar-se
e as pálpebras cerradas,
estremeço e o sono não vem
aqui e além, o sonho vencido
as palavras cheias de frio
faço-as saltitar, sorrio,
sussurro-lhes ao ouvido
digo-lhes que as amo,
elas sabem que é por ti que chamo.

natalia nuno


e tu dizes que me amaste!



quando morrer
deixo-te beijos em testamento, 
aqueles que não aceitaste,
viver é escolher
e dizes tu que me amaste!?
o amor é oceano de ternura
duradoira, que sempre dura.
e dizes tu que amaste!
os ramos adoram as ramas
e sonham vê-las floridas
quando dizes que me amas?
sílabas soltas perdidas.

ilumino o avesso do espelho
e de nada me recorda, apenas
o que jamais escutei, o velho
tempo, das flores amando-se.
por entre raios dos canaviais
escuto a languidez dos meus ais
como se de música se tratasse
e eu ainda te amasse.
são tempos distintos que junto
neste momento
e deixo na confidência do vento
e tu dizes que me amaste!
sussurras ao meu ouvido
agasalho com que calaste,
meu coração ressentido.

natalia nuno
rosafogo