palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
queixume saudoso...
comove-se o olhar fica perdido
molhado de chorar e já vencido
caem as geadas no rosto
e o sol já no poente, é posto.
recolhem-se os pássaros enquanto
há folhas nos ramos
e, recolhemo-nos nós enquanto
é tempo e nos amamos...
o tempo vai passando e atormenta
a dor dói, o coração sofre, e o olhar
lamenta...
hoje o vento faz-me companhia
num chorar triste, nem ele traz alegria,
tem vindo a crescer p'la tarde acima
com o destino de entrar-me pela janela
o meu destino é encontrar uma rima
para que ele fale dela,
invento e visto-me de memórias
caminho neste entardecer
e lembro tudo o que ficou por dizer.
os meus olhos entretêm-se a olhar
mesmo sem saírem daqui
estão sempre em outro lugar,
há tardes de Setembro em que o pensamento
me embala o coração,
basta-me um pouco de ilusão
e a cada pensamento, invento
um sonho mais formoso, que valha a pena
e o coração resiste mais e mais
a este queixume saudoso, a que
me dou neste poema...
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
prosa poética...
é o passado que se desenha na aura deste pensamento em vôo nas minhas mãos... enquanto os meus olhos riem, treme a água no açude e eu criança, com um tremor de asas no sangue...no reino da minha infância o silêncio, e o vento rondando nas ramas, logo o chilreio lânguido do pássaro, ignoro quem voa melhor, se ele, se eu... juntos pelo acaso deste sonho meu.
natalia nuno
pequena prosa poética
hoje não lembro onde deixei as mãos, queria tanto baloiçar nelas os sonhos, lapidar ilusões, deixar sentimentos ao rubro, acreditar que o sol ainda é sol, que no meu peito ainda há fogueira, soltar gritos, disfarçar as rugas desta casa velha... a minha cabeça é um baú de memórias que as minhas mãos vão bordando no silêncio, no frio da insónia... mas, hoje minhas mãos não têm poesia, ficaram paradas no silêncio, a noite morreu e eu não as reconheço, talvez queiram que enlouqueça em paz, com a saudade a viver dentro de mim e a boca cheia de silêncios...
natalia nuno
rosafogo
rosafogo
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