pela friura da vidraça olho vagamente o céu azul, leve bordado a branco, como quem desperta dum sonho... é manhã, entre a realidade e a memória consumida ouço o palpitar do mundo nas papoilas que gritam feridas pelos ventos agressivos... pressinto no vai vem dos pássaros que flutuam na minha retina a querer ocultar-se, que o instante, não e uma dávida de amor e, o mundo fica trémulo num vôo retido à espera que passe a hostilidade entre os homens, enquanto os meus dedos febris procuram a pomba branca e um raminho de oliveira repetindo palavras na solidão da hora...
palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
talvez me mortifique...
talvez me mortifique no vazio da espera, o sol hoje trouxe emoção a pequenas coisas, tocou meu coração e, eu toquei o horizonte azul dos sonhos, aos olhos voltaram os pássaros de ternura, na mente o sussurro enfeitiçado da felicidade e, nas mãos molhos de trevos avermelhados colhidos na aridez da alma, onde brota sempre uma esperança...
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 21 de janeiro de 2021
a solidão carrego...
se tudo é solidão
se o dia é olhar a janela
e por aqui me detenho,
o vidro fica fosco nela
e o pensamento pergunta em vão
afinal pra onde vou, de onde venho?
à memória lezírias extensas
do passado,
e em sonhos asas me levam
sempre a algum lado.
mas, um desapego sinto em mim,
a solidão carrego
no chão do meu rosto há sinais
que poema algum traduzirá jamais
o corpo adormece
fica o sonho tristonho e lento
tudo é silêncio e parece
ser eu, folha arrastada pelo vento.
tecida pelos meus dedos
trago a palavra vagarosa
quero esquecer os medos
mas a solidão faz mossa,
em meio ao caos, deixo-me a meditar
nem sei se rir, ou se chorar!
quero esquecer e, nem quero ouvir
não quero lembrar mais nada
se a saudade sentir,
juntas seguiremos passada,
com as rugas dum tempo imenso
e uma lágrima sentida,
de sabor intenso, a sal da vida.
natalia nuno
rosafogo
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