sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O QUE O TEMPO TECE - Rosafogo.vfb.2010

ENTRE O CÉU E A TERRA


















ENTRE O CÉU E A TERRA


Minhas palavras já parcas
No coração qualquer coisa a moer
A solidão hoje passou das marcas
O tempo é mestre mas me faz sofrer.
Hoje esqueço as horas
O tempo faz e desfaz
A vida não tem melhoras
Já o desafio não me apraz.

Não me quero iludir
Nem tão pouco a vida julgar
Se a ela me quer fugir?!
Sem norte me deixo levar.

Rasgam-se meus ouvidos
Há angústias que me perseguem
Me atormentam os sentidos
Mas as palavras? Essas não me neguem.

Arroxeiam os meus lábios de frio
E as palavras são poucas já!
Quanto tempo de sol? E o vazio?!
P'la minha face escorre,
o tempo,já tanto se me dá.

De quando em quando fico distante
Tão inerte, mordo a revolta!
Nas linhas que escrevo neste instante?!
Arrasto pensamentos à solta.

Já as últimas estrelas desmaiam
No meu olhar rompe a madrugada
Alento aos meus braços que ensaiam,
abraçar mais uma manhã
Que mal começa já é passada.



rosafogo

natalia nuno



rosafogo
natalia nuno

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SEM TEMPO













SEM TEMPO


Não há pausas na minha melancolia
A saudade surge como um vento triste
Morri na saudade mais este dia
Maldita a vida que ainda insiste.

Tremem as àrvores, tremem de frio
E eu sinto a Vida presa por um fio.

Assim vou andando
Os sonhos ficando para trás
Meus olhos de menina chorando
Aquilo que o tempo me roubou
e foi capaz,
De me deixar vencida
De me vir dizer
Que a dor que trago sentida?!
Há-de deixar-me desfalecer.

Aceno à vida de mim esquecida
Procuro alívio para o desencanto
Vejo ao longe a meninice enternecida
Evaporei no tempo para meu espanto.

Vivo à mercê, triste ou sorridente
E já nada faço para ser diferente.

rosafogo
natália nuno

EUFORIA DO AMOR











EUFORIA DO AMOR


Ouço o bater do coração
De tão perto que está o momento
Minha boca junta-se à tua
Como o germinar dum vulcão
Em mim a larva o fogo, a lua
Em ti o gesto e o intento.
Astro à beira da explosão.

Perdemos-nos, nos encontrando
Num fogo que reacendo
Tuas mãos sempre tentando
Desbravar o que não defendo.

Eu gosto de ti assim
Quando invades a minha boca
Em delírio atrás de mim
Deixo amares-me, fico louca.

Ah!Quando me amas assim!
Nem tu és tu, nem eu sou eu
Vagueamos, e ao voltar a mim!?
Anda meu corpo à procura do teu.

natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ILUDO-ME NA HORA?!













ILUDO-ME NA HORA?!



Iludo-me na hora?!
O amor não se cansou
Amemo-nos mais uma vez
Sem demora...
Afinal nada mudou.
Só o tempo talvez!

Abro-te minha porta!?
Vem minha vontade sossegar
Que a saudade fique morta
Quero este frio quebrar.
Um dia aprendi a amar-te!
E a saudade se fez sofrimento
Hoje meu querer ganhou alento
Quero num abraço apertar-te.

Meu coração se abriu,
de par em par
Para nos teus braços morrer
Também meu corpo sentiu
Desejo de se entregar
Sem força de se suster.

Anda nosso amor esquecido
Eu, caída no esquecimento
Saudade de haver perdido
Saudade que me dava alento.

Amanhece em meu corpo!?
Que seja eu a tua iguaria,
Doce, como um fruto maduro
Que o meu sonho já esfria!
Sem teu amor amarguro.



rosafogo
natalia nuno

ILUSÃO














ILUSÃO

O tempo se acaba, corre,

Também ele já morre.
Traz-me o tempo este cansaço
Me deixa  num labirinto
Também eu lhe perco o passo
Já nem sei se o que sinto, sinto.

Corre o tempo, quero recusar
Máscaras de choro e riso
Passado inteiro a murmurar
E um futuro indeciso.

Carrego sonhos aluados
Vindos bem lá da infância
Trago os olhos toldados
Debruçados na lembrança.

Este tempo, tudo ignora.
Tudo leva, menos esta melancolia.
Relembra-me a idade a toda a hora
E transforma  em noite meu dia.



rosafogo
natalia nuno

SENTIMENTOS














SENTIMENTOS

Há réstias de cor
No fundo da minha tristeza
e AMOR
nos recantos da minha incerteza.
Esta teimosia
Traz-me emoção e saudade
Instantes de alegria
Momentos breves de eternidade.

Restos, bocados de esperança
E choros, meus desencantos
Nada trago de herança
Só saudades às escondidas
Com medo dos quebrantos

Fragilidades por mim sentidas.

Meu corpo, é muralha gasta
Foi-lhe o tempo tirando a força
Já a Vida de mim se afasta
Correndo que nem corça.
Já meus olhos de menina
Andam procurando o traço
Daquele rosto traquina
A cuja visão me enlaço.

Nos socalcos do rosto
Perdura já a confusão
Não sei qual a razão?!
Do tempo, atalhos lhe ter posto.
Talvez velho desgosto?!
Ou choros de saudade?!
Da vida alguns cuidados
Ou coisas próprias da idade
Ou meus segredos calados!?
Ou da idade que dói!

Nostalgia do tempo que já se foi.

rosafogo
natalia nuno

A VIDA PASSO A PASSO













A VIDA PASSO A PASSO


Sonhos campinas floridas
Com sementes de saudade
Os verdes são nossa vida
Esperança ou fatalidade.

Solidão morro de cansaço
Na tua lívida e triste agonia
Levo a vida passo a passo
Perco a noite vai-se o dia.

Sempre o Amor refloria
Na Primavera ganhava asas
Tua sombra à minha se unia
Somos agora tábuas rasas.
Como foi que o tempo andou?
Deixando nossa vida parada
Nada nos diz, nada nos adiantou
E a gente, que dele nem suspeitava.

Mas seguimos por diante
Que a nossa noite segue enluarada
Luta a vencer instante a instante
E o sonho resiste até ser madrugada.

rosafogo
natalia nuno

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

NÃO PASSO DISTO














NÃO PASSO DISTO

Morre mais um dia
Saudade sempre a crescer
E uma agonia!?
Em meu seio a romper.


Não sei de mim, existo?
Correm as horas
Não passo disto!
Chegadas, partidas, demoras.

Meus sonhos traídos
Já o tempo me vence
Meus olhos caídos
Já nem sei que pense.

Vejo a minha sombra
Frágeis os meus braços
Oiço o som dos passos
Na noite que me assombra.

Silêncios arrastados
Névoas que vão descendo
Meus sonhos isolados
Eu deles me perdendo.

Não sou mais que pó
Sou resto de mim
Liberto ao sonho o nó
Adormeço por fim.

Já não me iludo
A vida se desprende
Só a palavra é tudo
Só ela me compreende.

rosafogo
natalia nuno






É só mais

SONHO INVENTADO














SONHO INVENTADO

Quero espreguiçar-me nas tuas manhãs
Sentir que a Vida ainda é Vida
Lembrar loucas promessas
Sentir-me presa e possuída.
Quero que meças
O meu prazer em ti
Sintas a chama reacendida
A mesma que no teu olhar vi.

Sou terra molhada que te acolhe
Onde a semente se faz brotar
E a minha boca recolhe
Os beijos que lhe queres dar.

Trago este cheiro de ti
E uma saudade desabrida
A teu lado amadureci
Fui botão na primavera.
Como beijo em boca perdida.
Sou hoje velha quimera.

Amparada por teus abraços
Me convidas ao teu abrigo
No silêncio ouço teus passos
Sedenta em ti confio e te digo,
Dos meus desejos,
Desta tensa  saudade,
Do meu corpo gasto viciado,
Do lençol morno p'la ansiedade
Ainda  tua ausência marcado.

Devaneio, este meu sonho inventado.
Onde me enlaço e desenlaço
Sonho p'lo tempo amordaçado
Algo de bom que ainda abraço.
E tudo foi tanto e é pouco ou nada
O que resta desse tempo já gasto
Levo  minha fronte enrugada
Quanto mais me prendo, mais me afasto..

natalia nuno
rosafogo

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AMAR-TE















AMAR-TE
É fazer a viagem de mãos dadas
É às vezes um silêncio vazio
Um jogo de palavras cruzadas
É o fogo descendo, causando frio.
Ficar nesse silêncio que dói
É às vezes não poder calar
O sentir que nos corrói.
O tempo que a passar
Passa por nós num voo rasante
Trazendo à lembrança o fogo distante.

Amar-te
E ainda me espantar

É olhar-te!
E minha mente povoar
de sonhos onde aportaste.

É bravo este amor de verdade
Pois ao ter-te a meu lado
Gôsto de outrora me dá saudade
É um desejo apertado
Sem tamanho nem medida
Sem nunca mais acabar!
Tanta chegada e partida...
E sempre o mesmo desejar.

Hoje e sempre o mesmo ardor
 Longa nossa caminhada
Ainda tão semelhante o sabor!?
De tanta e tanta vez me sentir amada.
Juntos iremos até ao fim
Quero ser a personagem
Quero amar-te sempre assim
Até ao fim da viagem.

Encontrei-te
Pensei que tinha a alma vazia
Amei-te...
Neste meu jeito encantado
Era só  saudade que sentia.
Nosso amor é o meu fado.

natalia nuno
rosafogo
















FALA-ME ASSIM DEVAGAR


 
Fala-me assim devagar...
Que as tuas palavras sejam como rio
Vem, retorna ao teu lugar
Aquecendo meu coração frio.
Fala-me assim devagar...
Com palavras que já não se usam
Que sejam pombos a revoar
Traz-me sonhos que não recusam
Na casa do meu corpo entrar.

Fala-me assim devagar...
Dá-me o abraço que me escapa,
eu espero,
O beijo que se quer esquivar
Nada quero perder, nada quero.
Fala-me assim devagar...
Palavras doces como dantes
Dá tu um nome a este amar!?
Diz...diz que somos amantes.

Fala-me assim devagar...
Diz em que tempo, em que grito!?
Em que chão, em que cidade
Ou se no teu corpo eu habito!?
Nesta hora da saudade.

Que recordações p'ra recordar?!
Acorda-me o corpo, adormecido!
Já não sei quem sou
Nem onde estou.
Levo este doer, ferido,
Sem saber pra onde vou.



natalia nuno
rosafogo