palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
debruando a solidão...
teus olhos me olham com espanto
como quem me espia,
como se olhasses um retrato esmaecido
esse olhar que me queria tanto
e trazia meu corpo estremecido.
mas, meu rosto já não é mais poesia
é estrela que segue seu rumo
a esse olhar d'agora não me acostumo.
ainda escorre dos meus dedos
e das minhas mãos quebradas
segredos, tão nossos,
e saudades acordadas
o tempo, esse mistério sem fim
matou a flor que havia em mim,
hoje sou irmã do vento
com as entranhas a rasgar
e trago dele o lamento
nas palavras a praguejar
se nem eu sei quem sou
não te ponhas a olhar-me assim
em precipitada queda estou
breve, breve a chegar ao fim
já morri na primavera
da saudade desse olhar,
entre mil sonhos à espera
e cansada de esperar...
a solidão percorre meu corpo louco
e embrenhado no pensamento
a morte chega a pouco e pouco
os dias vão remendando a vida
de novo pouco ou nada recomeça,
trago os dias contados
na esperança, que não corram
depressa...
olha-me só e mais nada
como se fossemos ainda amor perfeito
que a lágrima é passada
quando me encosto ao teu peito.
vou debruando a solidão
e ouvindo bater teu coração
emudeço como pássaro que faz a despedida
da primavera, já não canta, já cantou!
e neste silêncio de ave ferida
o canto a abandonou...
ficou... em céus de melancolia,
com saudade que na sua cabeça floria.
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natalia nuno
rosafogo
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