quinta-feira, 18 de agosto de 2016

tão quase nada...



horas mortas, que me abatem um pouco, meus olhos seguem a linha do horizonte, o mar em mim tão quieto, leito onde se abriga a nostalgia e a saudade, que sempre a ele regressa irrompendo a cada instante com a destreza do vento...demoro-me sobre as recordações  a rememorar o passado, e na minha cabeça é domingo e há sinos e sinto-me a passear comigo, tranquila, num céu sem uma única nuvem e o mundo a escapar-se de mim...a vida parte, o tempo entristecido, as palavras fracassam, deixam uma chuva de ideias e coisas por dizer dentro de mim naufragadas...

natalia nuno

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

saudades são heras....



abro as gavetas às escondidas e meus dedos leves dedilham memórias, e enternecida recolho palavras debaixo da língua cheias de saudades de tudo que só eu sei...saudades tão grandes que não cabem no peito, respiro fundo e sinto o coração a bater, cada lembrança faz ninho em meus olhos e cura.me da solidão... vim voando desde a Primavera, até que o Inverno me tocou, e poisei no chão da desilusão, morreu-me o tempo dos sonhos, despi-me de papoilas, vesti violetas, esfacelei o riso e agasalhei a saudade que é na verdade, a giesta que desembacia a poeira do meu dia...

natalia nuno

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

delírios...



o amor é tentação, um madrugar no olhar, uma fogueira em tempo de estio, um celeiro de desejos, uma festa pró coração, arco-íris de carinho, o engravidar do delírio...mas sempre prontos a vê-lo crescer dentro do peito! se ao menos de lá não saísse!?... é um jogo de cabra-cega, às vezes vacila não quer amarras, parte e regressa, e acaba por não ficar, incapaz de criar orquídeas ... florescem cardos e lá acaba o sonho, restando a ferida que é difícil de sarar... o desespero não adianta, deve correr-se para um lugar tranquilo, não importa a direcção dos passos, importante é que o caminho seja sempre o de fazer a vontade ao coração...

natália nuno
rosafogo

domingo, 14 de agosto de 2016

palavras apenas...



surge um torvelinho de palavras
de onde brotam frutos d'amor e de dor
num tremor de vida que fica distante
lá onde ficou a alegria, hoje casa vazia
cansada de inquietação, um rosto de fissuras
molhado de pranto, traçado de mansidão
conheceu risos e ternuras, e também dias
melhores...
doces quimeras, amores,
milagres em noites quentes de
labaredas ardentes,
-  hoje
são as palavras que incendeio
porque a saudade ao peito me veio.

palavras desconexas, gélidas
na noite cortante, da vida que ficou distante
ferem-me a alma, descarregam sonhos
esquecidos, incendeiam esperanças
já perdidas, palavras melancólicamente
confundidas na penumbra que as invade
e lá longe, a criança senta-se e mantém o
sorriso...e em mim detém-se a saudade.

palavras companheiras das noites
e das imensas madrugadas
que sempre encontro... sempre,
orvalhadas... dum amor que me acolhe,
onde eu serei para sempre o tudo ou nada

natália nuno
rosafogo



sem conta nem medida...



pus-me a medir a saudade e o coração quase explodia, amparo-me sempre na memória onde caminho descalça para não magoar as lembranças, depois sento-me junto do salgueiro e finjo que o tempo não passou,  estende-se à minha frente a saudade que me domina...avisto agora a árvore centenária que me convida ao jogo da malha, aquele que a menina joga dentro de mim ainda...tudo o resto me é alheio, se a vida é um pássaro a voar eu não escapo ao seu fascínio, vôo sempre para longe peregrina da saudade...

natalia nuno
rosafogo