amarelas florestas sobre meu rosto
onde a luz do sol já não entra,
e é agora sol-posto...
é quase noite, ou trago obcecada minha
visão?
ainda que sonhe, minha memória é
desolação, anoitece no meu corpo
esquecido, tão fora de mim, perdido
onde andam as fragrâncias de Setembro?
e os pássaros que cantavam em mim
se já mal me lembro?
ficou a vida água estagnada
os dias já não são lençóis de alvorada
sou uma rosa com espinho
procuro a frescura do poema
mas já lhe perco o caminho.
agora uma asfixiante incerteza
e uma dúbia realidade
entre a alegria e a tristeza
só sei da saudade
e do sonho que em certas ocasiões
me leva à juventude, amiúde
e me abre janelas às ilusões
passa por mim o pulsar eterno da brisa
com as suas mãos delicadas de pureza
é tudo o que minha alma precisa
para acalmar toda esta minha incerteza.
natalia nuno
rosafogo
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