ainda respiro e escrevo
olho o fluir da minha mão
às vezes já não sei se devo ou não devo
quando a noite habita em meu coração
inspiração só de quando em quando
basta-me o prazer dum verso
vou buscando, memórias distantes
e as estrofes, acariciam-me os dedos
por instantes
preencho buracos do meu vazio
neste peito estremecido de mulher
ouço o canto dos grilos na margem do rio
e deixo-me nos rasgos dum outono qualquer
o silêncio é como uma procissão
que privilégio olhar a tela do céu
cada estrela transcende o pulsar do coração
- ali, em qualquer lugar da memória
meu terço e meu véu
os versos que escrevo sustentam-me
de felicidade, mesmo
nas horas de trevas e de saudade.
natala nuno
rosafogo
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