terça-feira, 15 de janeiro de 2019

coisas que a noite urde...



cerrei as janelas dos olhos
e o sono diluiu-se
numa espécie de paz,
como um rio que corre
paisagem afora
tranquilo, na sua viagem
solitária...
olho os altos e direitos pinheiros,
no seu silêncio, sua imobilidade
entornam sobre mim a nostalgia
e tanta saudade
hoje a aldeia está luarenta
e o luar me tenta
meu sonho é uma fogueira a arder
oiço vozes das mulheres, uma sinfonia
e a recordação enche-me de alegria
horas amargas, horas doces
lembranças erguem-se do mais
profundo de mim
e o luar chega por fim
a rasgar-me o esquecimento.
agora, sobre a aldeia adormecida
o céu veste-se de cinzento
é  madrugada e eu acordada
alheia em meu abandono
a escutar a noite calma
até à chegada do sono.
quem pode saber o que me vai na alma?

natalia nuno
rosafogo