segunda-feira, 15 de junho de 2015

plantando palavras...apenas



pequena prosa

a vida é clausura onde vão morrendo as recordações, vai estendendo a mão mas em breve reduzirá  a cinza aquela que aperta, vai plantando palavras na boca sem nexo ou a sua ausência, vai desnudando a memória, surge o silêncio e o vazio por detrás de cada dia,  até que o corpo é um vale árido olhando-se em ruínas...desperta a lágrima à beira do vazio, nos olhos onde o sonho ainda se revela... e de tanto sonhar caem no esquecimento de si mesmo...e o rosto fica sem vida, mas é ainda o rosto, desencadeia-se no pensamento uma névoa que vai apagando aos poucos a memória roubando-lhe o sol e só a impiedade floresce, tornando-a gaivota de silêncio como se o seu vôo azul terminasse,.. ave embriagada que tudo esqueceu e se harmonizou consigo própria e assim permanece na tranquila solidão dum sonho onde o nó não desata mais e nada pode alterar este destino.

natalia nuno
rosafogo

domingo, 14 de junho de 2015

quando a noite amanhece...



repousa em mim a saudade
deitou-se aqui no meu peito
trouxe palavras de ansiedade
ficou o coração insatisfeito

trago a ilusão da calmaria
hei-de rir dos dias de marasmo?
ai... que a vida já se distancia
e eu não quero morrer de pasmo

quero que meu outono floresça
como primavera em ascensão
verde esperança em mim cresça
e venha a bonança dar-me a mão

e de todos os sonhos que sonhei
mesmo não tenham valido a pena
não perguntem nada só eu sei!
minha força é grande, não pequena.

deixem que perpectue em mim
alegrias e lágrimas choradas
quero ficar em paz até ao fim
livre sem as ideias amordaçadas

quando o rio da vida me engolir
e ocultar do céu o meu olhar
um pouco do que fui há-de sorrir
lá de onde não mais vou regressar

aperta-se-me o peito, calo a boca
e caminho...caminho sem segredo
trago o sangue a pulsar, e da pouca
vida que resta não trago medo...

natalia nuno
rosafogo