cabelos brancos, já não há luz,
surge a queda, é a ruína
pedaço de prata não me seduz
quero antes ser magnólia branca, menina.
trazer os olhos vendados à desventura,
da vida esquecer e viver
a ilusão de ser uma virgem pronta
a entregar meu coração.
atrás de mim um som ensurdecedor
chameja na minha cabeça
é a dor do amor com medo
que adormeça.
removo os dias que em mim
foram maus,
e recordo os de marfim.
minha armadura desfaz-se
dói mas escondo,
já não há luz!
mas a vida faz-se,
dias felizes me propondo.
porém, os pensamentos são rochas negras
a mente região cheia de escombros,
onde o silêncio às vezes me afoga
e a vida se arroga
e me confronta, e nem sempre estou pronta!
o tempo comeu-me as ânsias
as esperanças, as vontades,
e deixou-me paralisada nas saudades.
natália nuno
rosafogo