palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
chove na minha alma...
há arbustos que obscurecem minhas tristezas
sentei-me à janela a olhar o presente
sem certezas, cansada das madrugadas
enquanto meu sonho dormia
e na minha alma chovia.
passavam as nuvens no céu cinzento
deslocavam-se para o fim do mundo
enquanto meu pensamento por mim
passava moribundo...
a noite foi minha companheira
tudo ela silencia, traz no ventre um novo dia
de sonhos é mensageira
depois virá esse dia com névoa, que m' arrasta
e da vida mais me afasta...
tudo é absurdo nesta alma nostálgica
o corpo insiste em lembrar que não vale a pena
na expectativa de coisa nenhuma
continuo, meus passos...serena!
minha inspiração determina
que me sinta sempre menina, menina ágil
uns dias forte, outros dias frágil.
com minhas mãos toquei o céu
perguntei-lhe como seria a eternidade
desceu um pouco até mim e respondeu
vive a vida, vais ter dela saudade.
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 4 de janeiro de 2018
liláses tardios
amanhece, o quarto de sombra carregado
é a solidão dos dias cinzentos
em mim, lamentos, o pensamento calado
mergulhado num mar profundo
onde a luz não faz morada
penso na vida sem regresso
para a terra fria virada,
na manhã tropeço
no orvalho escorregadio
saio do submerso vazio onde perdida
vejo a vida a envelhecer
só o coração guarda a vontade de viver
a janela nem vou abrir
olho por dentro do vidro a lacrimejar
e não é nada, absolutamente nada o meu sentir
é o tempo... o coração a esquartejar.
como se pode matar as memórias de vez?
como pode este dia ser tão triste...
talvez, que os liláses tardios esquecidos
no jardim, falem por mim...
deito a cabeça sobre a almofada
sinto-me avezinha assustada
o vento ronda a janela fazendo alarido
fala-me uma língua estranha em tom comovido
ficam as horas penduradas
esqueço a janela a lacrimejar
foram-me as lembranças arrancadas
que faço da saudade quando ela chegar?!
natália nuno
rosafogo
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