palavras escritas com o coração, em qualquer verso está vazada a saudade poética que a memória canta. A fascinação pelo campo, o idílio das águas, a inquietação o sonho, a ternura o desencanto e a luz, toda uma bagagem poética donde sobressai o sentimento saudade... motivo predilecto da poeta. visite-me também em: http://flortriste1943.blogs.sapo.pt/
quinta-feira, 9 de maio de 2013
se ainda pudesse encontrar-te?!
olho o cimo da nespereira
ali bem rentinho ao céu
esquecer-te não há maneira
este amor ainda é teu...
apagou o lume na lareira
na mesa o pão e o vinho,
vazio... criado à minha beira,
rasto de memória no caminho
o chão dos pés me fugiu
último anseio me abandonou,
arranca de mim um frio,
rimam palavras com furor
e ainda é teu este amor.
para sempre me afastei,
já bastou a vida inteira
olho o cimo da nespereira,
tanta vez para ti olhei
mas o encanto turvou
e eu...já a mesma não sou.
deixo de olhar desisti,
já não podes dar-me nada!
por isso hoje morri
morri nas horas parada
a olhar o céu,
ali por cima da nespereira,
a relembrar tu e eu
se ainda pudesse encontrar-te?!
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 7 de maio de 2013
tenho sede de tempo...
cai a tarde
como fruta madura
e à distância cantam os pinhais
o sol já não arde,
tocam os sinos dando sinais
e eu aqui oculta pela bruma
lembrando tudo,
tanta coisa uma a uma.
lembro o caminho da nascente,
com os risos de então
lembrança sempre presente
que não rejeito...não!
quero ser criatura
de alegria,
trazer à minha noite o luar
e eu e tu ser um só rio
a desaguar no mar...
extingue-se mais um dia
entre matizes amarelos
tenho sede de tempo
dum tempo primaveril
aquele que me vestia
a alma
e não este, que é prisão
e me corrói o rosto,
e esvazia o coração.
dá-me a mão,
vamos caminhar mais agéis
viver mais intensamente
onde o limite seja o céu
só tu e eu.
por algum tempo havemos de ignorar
o que de nós se perdeu
vivamos mais outro dia,
antes que a noite venha perturbar
ergamos nossa rebeldia
e quando a morte vier
num outro dia qualquer
pairando como um gavião,
sobre nós,
dá-me a tua mão
quando já nada haja para crer,
resta em mim a credulidade...
ainda assim vou sentir a doçura
da tua mão
na minha mão,
e levarei dela saudade.
natália nuno
rosafogo
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