sábado, 22 de janeiro de 2022

pedaços de recordações





a memória recorda e nega
que o tempo passou,
e à memória sempre chega
a quem tanto se amou.
de repente surge o passado
com seu familiar odor
e o corpo sobressaltado
sorri vencido, lembra o amor.

o tempo tudo apaga
é esta a cruel verdade
e logo o olhar se alaga
porque o coração não tem
-quem o  aguarde...

sente-se do tempo a avidez
só a memória oferece longevidade
a realidade  mostra a sua nudez
crescem as sombras, resta a saudade

natalia nuno
rosafogo
poema de 2008


quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

palavras que se perdem...


em pequenas coisas, ponho minha emoção
com uma esperança enorme, deixando a memória
lembrar, porque estás no pulsar
do meu coração,
ouço o som dos teus passos
som sempre presente no pensamento
angustia-me a falta dos abraços
é melancolia sentida neste momento.
a vida às vezes se extravia
enquanto damos asas ao desejo
e lá volta de novo ao coração a nostalgia,
lembrando um abraço, um ou outro beijo

há pequenas coisas que ocupam o presente
e outras que não se apagam da memória
de momentos enfeitiçados
instantes da nossa história
ao tempo confinados,
caminhamos, lembrando só o lado generoso
a que dizemos adeus,
o gemido do amor fica à distância
segredos meus e teus...

ponho no olhar uma flor comovida
que te abraça com seu aroma
para esquecer como a vida
se tornou agressiva, e nos toma
a minha boca soletra restos de verão
mas o inverno já na garganta se despenha,
uma centelha de quando em quando sobressalta
deixando um rasto gostoso, antes que a morte venha.
estranhamente ainda respiro e escrevo
a inquietude das metáforas me põe louca
não sei se devo ou não devo
através delas, sonhar ainda, com beijos
da tua boca...

natalia nuno
rosafogo