o sol já se deita sobre os arrozais
os pássaros insistem em cantar
seus madrigais
mais um dia passa no calendário
da minha vida
um desafio de vencer ou perder
dias brancos de sombras e vazio
e a morte no meu encalço
de uniforme com galões dourados
olhando-me com olhos de cobiça
e raiva embutida
querendo levar-me a vida
magoa-me a sua frieza
caprichosa, de encanto estouvado
e a certeza de que irei protestar
ainda que debilmente
resistindo às suas investidas,
baterá inesperadamente
à minha porta
partirei sem animosidade
silenciarei em mim a saudade
serei o sol que regressa à fonte
a sombra ou a brisa que desliza
gaivota a caminho do horizonte...
natalia nuno
rosafogo