sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

cordão de flores...Dueto

 CORDÃO DE FLORES

(Dueto NCN/PC)  
https://www.facebook.com/daClaraDias.poetry

um cordão de flores me envolve o olhar,
 enquanto em silêncio aprendo os perfumes...
trazendo o cheiro da maresia,
meu olhar se inflama quando o sol desponta!
entrelacei-as nas minha mãos
- urzes e giestas, alecrim e manjerona...
enquanto meu coração se abria
virei do avesso a espera e o desespero...
e com um vagaroso sorriso,
deleitei-me na ambrosia dos teus mimos.

invadi-te o desejo
e quebrei uma por uma todas as restrições.
procurei um beijo
e descobri a serenidade do luar na prata das águas mansas.
toquei-te delicada,
certa de que alcançaria o infinito.
já chegava a madrugada...
enfim, todos os sonhos têm asas e beleza!

natalia nuno (verso 1)
paulo césar (verso 2)

Dueto a partir do poema de Natalia Canais Nuno, que se encontra juntando todos os primeiros versos deste dueto.
Os segundos versos são de minha autoria.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

é assim em cada palpitação...



em cada palpitação do meu corpo vivo,
ouço o marulhar das águas
onde não existe medo, e as mágoas
seguem num lento vapor,
correm nas minhas veias
resta em mim, um leve estertor
e frágeis pensamentos
como emaranhadas teias.

mas este meu corpo que vive e que morre
vai esquecendo os tormentos
da prisão dos seus passos 
e a memória já confunde,
se o porvir é uma gargalhada 
ou se cai na armadilha do tempo, 
espera ainda, que a felicidade o inunde 
e o sonho seja a porta que não está fechada 
cansada, muito cansada, envelhecendo
ocultando os instantes 
mais amargos, caindo, caindo 
lembrando sonhos distantes 
ora chorando, ora sorrindo,
é assim em cada palpitação.

este corpo como uma casa esquecida 
que meus olhos não querem ver 
já um dia teve vida 
agora é o que é, a solidão nele a crescer 
sem tréguas, grito o meu nome em vão 
pois dele resta-me a recordação
refugio-me no poema 
que corre nos meus olhos 
secos e desmesurados 
onde o tema, sempre é a saudade 
que me golpeia sem descanso 
perto de mim e tão perdida 
sigo e avanço 
mesmo caída, caída!

natalia nuno 
rosafogo

domingo, 29 de janeiro de 2023

clamor...



passa a lua altiva e só, cheia de majestade 
caminhando lenta em silêncio profundo
enquanto se aprisiona em mim esta saudade,
abrasa-a o esplendor fulgurante
olha o mundo, dona da eternidade,
acercando-se dos amantes
fala-lhes de saudade
dos tempos já tão distantes...
às vezes, aproxima-se da minha janela
cortando a obscuridade
fico frente a frente com ela
falo-lhe da minha saudade,
com séculos de lentidão
a evadir-se por trás das casas
leva o meu coração,
nos meus olhos goteiras de angústias
quem me dera ter asas!

no olhar uma sombra
que não é noite nem é dia
minha alma carente, vazia.
já nem a dor faz sentido
já o corpo me devora,
na minha janela a chuva insiste
e a lua tem-me esquecido agora.

é hora, irremediavelmente triste,
nesta sucessão de instantes
sinto-me um pouco perdida,
a luz da lua já não tem fulgor
nada mais é como dantes,
e é mais um dia de vida
neste obscuro clamor.

natalia nuno
rosafogo