sexta-feira, 27 de maio de 2022

às vezes tento inexistir...





às vezes aborreço-me de existir
nem sei como explicar
nem como agir, tento me iludir
mas pior ainda é o sonho pronto a abalar.
às vezes fico assim a noite inteira
fecho os olhos, mas dormir não há maneira
sempre os mesmos pensamentos,
a boca a bocejar e, há momentos
que penso que não soube ser
como era meu querer.
às vezes abro a boca de espanto
por qualquer alegria nova
de novo encontro o encanto
e a alma se renova.

às vezes para descansar os passos,
sento-me e pergunto-me só por perguntar,
- lembras-te da menina dos laços?
enterneço-me e deixo-me a sonhar.
às vezes tento inexistir
trago um rio em mim que me turva o coração
passo o tempo a pedir ao pensamento
um pouco de arrumação.

natalia nuno
rosafogo



quarta-feira, 25 de maio de 2022

esquecida a olhar o tempo...



fico esquecida a olhar o tempo
e as minhas lembranças quase desfeitas,
ficam palavras esquecidas que eram perfeitas
que de ti ouvi.
penso em ti, foi ontem ou há muito? 
palavras com odor a amêndoas doces
que me disseste quando te conheci.
tanto tempo atravessou as nossas vidas
e as palavras que eram perfeitas
quase esquecidas!
levámos todos estes anos a acreditar
que nosso amor, 
era chão sempre pronto a semear,
os anos que nos trouxeram até aqui,
nos levarão, juntos,
seja até onde fôr.

tempo de espera a recordar saudade
onde a dor às vezes tem lugar
e as lágrimas são tempestade
acordam em mim um sentimento, 
foi há muito, ou já não lembro?
vou escavando meu pensamento
e, a lembrança é meu porto de abrigo
e nela não me canso deste silêncio calado,
contigo a meu lado...até que a morte, seja uma realidade
na curva do tempo e da idade.

natalia nuno
rosafogo

poema para mim...





a angústia cresce e se apodera
é desvario em mim
ai quem dera, quem me dera
entender este tumulto de amor
sem fim...

ao coração ordeno
e rezo por minha sorte
mas o amor é veneno
mais voraz que a morte.
nada manda no coração
nem a ferida que o magoa!
sem sonhos e amor é que não,
prefiro sofrer à toa.

natalia nuno
imagem pintaret
poema escrito na juventude,
Porto 22/01/964
(rabiscos)