quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

hora calada



casa branquinha
minha velha casinha
ainda ouço nela
as gargalhadas sonoras,
dizia a mãe: ri-te, ri-te
que logo choras!
na janela os raios de sol
o sino da igreja bate as horas
as horas mansas, mornas, ternas
aos meus ouvidos eternas.
soam-me ainda os ais
da avó de luto vestida,
e as rezas que nunca eram de mais
para agradecer a Deus a vida.

casa velhinha
hoje assombrada
onde as almas deambulam
p'la  calada

os ramos frágeis do salgueiro
caindo sobre o  poço
agora sem burro à nora
nada ali já ouço...
na nostalgia desta hora
só permanece da terra o cheiro
minha última sensação
o destino marcou, e o tempo
vai -me levando o coração
resta-me a lembrança
foi Deus que assim quis
que apesar da mágoa, foi ali
que fui feliz!

natalia nuno
rosafogo

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