terça-feira, 13 de outubro de 2020

não me lembro...



não me lembro onde deixei as mãos, queria tanto baloiçar nelas os sonhos, lapidar ilusões, deixar sentimentos ao rubro, acreditar que o sol ainda é sol, que no meu peito ainda há fogueira, soltar gritos, disfarçar as rugas desta casa velha... a minha cabeça é um baú de memórias que as minhas mãos vão bordando no silêncio, no frio da insónia...mas hoje minhas mãos não têm poesia, ficaram paradas, magoadas nesse silêncio, a noite morreu e eu, não as reconheço, talvez queiram que enlouqueça em paz, com a saudade a viver dentro de mim, e a boca cheia de palavras saudosas, porém inaudíveis...


natália nuno

rosafogo

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